CONTEXTO E OBJETIVO: Doença aterosclerótica é importante causa de morbidade e mortalidade em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Não há estudos que verifiquem a prevalência de aterosclerose em carótidas nesses pacientes no Brasil. O objetivo deste trabalho foi estimar a prevalência de aterosclerose em carótidas em pacientes com lúpus e em controles, e avaliar associação entre fatores de risco e aterosclerose em carótidas. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo transversal na: Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brasil. MÉTODOS: Foi utilizado o ultra-som modo B de carótidas em 82 mulheres com lúpus eritematoso sistêmico e em 62 controles. A idade média das pacientes foi de 34,0 anos (variação 16-65) e dos controles foi de 35,7 anos (variação 18-64). Placa aterosclerótica foi definida como área distinta de hiperecogenicidade ou como área focal de protrusão da parede para o lúmen do vaso. Foram pesquisados fatores de risco para doença coronária e variáveis relacionadas ao lúpus. RESULTADOS: 50% dos pacientes e 29% dos controles apresentaram placas em carótidas (p = 0,011). Idade mais avançada, maior tempo de lúpus, maior pontuação do escore Systemic Lupus International Collaborating Clinics, maiores níveis de lipoproteína de baixa densidade, maior freqüência de diabetes, falência ovariana precoce, obesidade e história familiar de doença coronariana foram encontrados em pacientes com placas de carótidas. Pacientes com placas em carótidas tiveram menor média de idade em relação às controles com placas. Fatores de risco associados a placas em carótidas foram diagnóstico de lúpus (razão de chances: 4,74; intervalo de confiança de 95%: 1,83 a 12,27), obesidade (razão de chances: 6,16; intervalo de confiança de 95%: 1,84 a 20,64), idade avançada (razão de chances: 1,12; intervalo de confiança de 95%: 1,07 a 1,17), maior escore Systemic Lupus International Collaborating Clinics (razão de chances: 1,69; intervalo de confiança de 95%: 1,31 a 2,52) e maior tempo de lúpus (razão de chances: 1,65; intervalo de confiança de 95%: 1,06 a 2,56). CONCLUSÃO: Pacientes jovens com lúpus apresentam maior prevalência de aterosclerose de carótidas. O diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico foi fator de risco para aterosclerose de carótidas.
CONTEXT AND OBJECTIVE: Atherosclerotic disease is an important cause of morbidity and mortality in systemic lupus erythematosus (SLE) patients. No previous study has estimated carotid disease prevalence in such patients in Brazil. The aim was to evaluate the prevalence of atherosclerotic plaque in carotid arteries, in SLE patients and controls, and to verify possible associations between risk factors and carotid plaque. DESIGN AND SETTING: Cross-sectional study, at Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina. METHODS: Carotid plaque prevalence was assessed by B-mode ultrasound in 82 female SLE patients of mean age 34.0 years and 62 controls of mean age 35.7 years. Plaque was defined as a distinct area of hyperechogenicity and/or focal protrusion of the vessel wall into the lumen. Risk factors for coronary disease and SLE-related variables were determined. RESULTS: 50% of patients and 29% of controls presented carotid plaque. Older age, longer disease duration, higher Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC) score, higher levels of low-density lipoprotein and greater diabetes, obesity, premature ovarian failure and family history of coronary artery disease were found in patients with carotid plaque than in those without plaque. Patients with plaque were younger than controls with plaque. SLE diagnosis, obesity, older age, higher SLICC score and longer disease duration were independent risk factors for carotid plaque. CONCLUSION: Young patients with SLE present higher prevalence of carotid plaque than controls. SLE diagnosis was a significant risk factor for carotid atherosclerosis.