JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Esta pesquisa foi baseada na perspectiva biopsicossocial de dor crônica, que sugere a existência de interrelação dinâmica entre alterações biológicas, estado psicológico e contexto social, onde cada uma destas dimensões apresenta um papel diferenciado na dor crônica, incapacidade e ajuste emocional. Este estudo examinou a aplicabilidade de preditores de dor, incapacidade e sofrimento propostos pelos modelos biopsicossociais de dor em amostra de pacientes brasileiros com dor crônica. MÉTODO: Estudo de corte transversal realizado com amostra de conveniência de 311 participantes atendidos em diversos centros de dor localizados no Sul e Sudeste do Brasil. As análises estatísticas para examinar as propriedades dos testes e relações entre as variáveis incluíram teste t, Análise de Variância, correlações, regressão hierárquica múltipla e logística. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o programa SPSS-14. RESULTADOS: Os fatores orgânicos, sócio-demográficos e cognitivos contribuíram para incapacidade, depressão, intensidade da dor e empregabilidade de forma diferenciada. Nessa amostra, grau de escolaridade, local da dor e autoeficácia contribuíram para incapacidade; pensamentos catastróficos foram o único preditor de depressão; gênero e autoeficácia contribuíram para a intensidade da dor; e idade, grau de escolaridade, incapacidade e autoeficácia foram fatores de risco para desemprego. CONCLUSÃO: As evidências descritas na literatura baseadas na perspectiva biopsicossocial, que enfatizam o papel distinto de fatores biopsicossociais na dor, incapacidade e sofrimento mental foram confirmadas nesse estudo.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: This research is based on biopsychosocial chronic pain perspective, which suggests the presence of a dynamic interrelation among biological changes, psychological status and social context, where each dimension has a differentiated role in chronic pain, incapacity and emotional balance. This article has examined the applicability of pain, incapacity and distress predictors, proposed by biopsychosocial pain models, in a sample of Brazilian chronic pain patients. METHOD: This is a transversal study carried out with a convenience sample of 311 participants seen by different pain centers located in the Southern and Southeastern regions of Brazil. Statistical analyses to evaluate tests properties and relationships among variables included t test, Variance Analysis, correlations, multiple and logistic hierarchical regression. All statistical analyses were performed with the SPSS-14 software. RESULTS: Organic, socio-demographic and cognitive factors have contributed to incapacity, depression, pain intensity and employability in a differentiated way. In this sample, education level, pain site and self-efficacy have contributed to incapacity; catastrophic thinking was the sole predictor of depression; gender and self-efficacy have contributed to pain intensity; and age, education level, incapacity and self-efficacy were risk factors for unemployment. CONCLUSION: Evidences described by the literature, based on the biopsychosocial perspective, which emphasizes the different role of biopsychosocial factors on pain, incapacity and mental distress were confirmed by this study.