OBJETIVO: Rever, usando a metodologia de análise secundária de dados, os casos descritos de doença hidática policística (DHP) pelo Echinococcus vogeli, quanto às características clínico-epidemiológicas, de evolução e procedimentos terapêuticos. MÉTODO: Foram usados cinco bancos eletrônicos; anais de eventos científicos da área de Medicina Tropical; livros textos; consultas aos índices remissivos de revistas não-indexadas e a especialistas. As 52 variáveis estudadas foram categorizadas para cada caso de DHP e registradas em ficha-padrão. Somente foram incluídos os casos com comprovação histológica e/ou parasitológica do E. vogeli. RESULTADOS: Foram recuperados 131 trabalhos publicados e uma comunicação pessoal, sendo grande parte com somente um caso descrito, e entre estes apenas 17 (12,9%) tinham casos com comprovação do agente etiológico, com um total de 44 pacientes: 52,3% do sexo masculino; média de idade de 45,0 (± 16,7) anos; e 50% descritos no Brasil. A presença de massas e a dor abdominal foram registradas em 94,7% (18/19) e 92,6% (25/27), respectivamente. Não houve diferença estatística (p>0,20) entre os resultados do tratamento clínico (albendazol) e cirúrgico, mas as freqüências de "sem êxito" foram, respectivamente, de 0% e 28,6%, e as de óbitos de 0% e 21,4%. CONCLUSÕES: A maioria dos trabalhos sobre a DHP não tem pacientes com comprovação etiológica e, conseqüentemente, é possível que parte do conhecimento clínico atual sofra mudanças significativas por investigações futuras. De outra parte, os dados levantados indicam que a melhor opção terapêutica, nos casos irressecáveis, é o uso de albendazol.
BACKGROUND: We reviewed, using secondary analysis, the described cases of Polycystic Hydatid Disease (PHD) by Echinococcus vogeli, addressing epidemiological and clinical characteristics, therapeutical evolution and procedures. METHODS: Five electronic banks, annals of scientific events, textbooks, remissive index, non-indexed magazines and specialists were consulted. The 52 variables studied had been categorized for each case of PHD and registered in a standard file. Only the cases with histological and/or parasitological evidence of E. vogeli had been enclosed. RESULTS: One hundred and thirty-one published works had been recouped and a personal communication. The majority presents, only a described case, and between them only 17 (12.9%) had evidence of the etiologic agent. In a total of 44 patients, 52.3% were males, mean age of 45.0 (±16,7) years, and 50% were described in Brazil. The presence of masses and abdominal pain had been registered in 94.7% (18/19) and 92.6% (25/27), respectively, with no statistica difference (p>0.20) in the clinical outcome with the clinical treatment (albendazol) versus the surgical one, but the frequencies of no success had been, respectively, 0% and 28.6%, and deaths of 0% and 21.4%. CONCLUSIONS: The majority of studies on PHD does not include patients with etiologic evidence and consequently is possible that part of the current clinical knowledge suffers significant changes for future inquiries. Nevertheless, the raised data indicate that the best therapeutical option, in the non surgical approach, the use of albendazol.