RESUMO A partir do estudo sobre prisões da Ilha Grande na primeira metade do século XX, este artigo investiga a construção de uma cultura punitiva que criminalizou grupos sociais que se encontravam em condições precárias de sobrevivência. O termo “vagabundo”, responsável pela prisão e maus tratos de milhares de indivíduos no período pós-abolicionista, esteve presente em leis e códigos penais, no pensamento de legisladores e em textos ditos científicos. O encontro entre lideranças políticas, adversárias do governo Vargas, e a dita vadiagem nas prisões da Ilha Grande evidenciou tratamentos diferenciados e a naturalização do conceito. Entrevistas com guardas penitenciários da Colônia Agrícola do Distrito Federal, construída em 1942, permitem indicar como essas classificações foram operacionais no interior do sistema prisional e como elas se desdobraram.
ABSTRACT Based on the study of Ilha Grande’s prisons in the first half of the twentieth century, this paper investigates the construction of a punitive culture that criminalized social groups in poor living conditions. The term “vagabundo” [vagrant], which justified the arrest and mistreatment of thousands of individuals in the post-abolitionist period, was present in laws and penal codes, in legislators’ thought, and in so-called scientific texts. The meeting between political leaders opposed to Vargas’ government and the so-called vagrants indicated differential treatments and the naturalization of the concept. Interviews with prison guards of the Colônia Agrícola do Distrito Federal, built in 1942, indicate how these classifications were operating within the prison system, and how they were deployed.
RESUMEN Con base en un estudio sobre las prisiones de Ilha Grande en la primera mitad del siglo XX, este artículo investiga la construcción de una cultura punitiva que ha criminalizado grupos sociales en condiciones precarias de sobrevivencia. La palabra “vagabundo” [vago], que ha justificado la prisión y el maltrato de miles de individuos en el periodo pos-abolicionista, estuvo presente en leyes y códigos penales, en el pensamiento de legisladores y en textos dichos científicos. El encuentro de liderazgos políticos, adversarias del gobierno Vargas, y la llamada vagancia en las prisiones de la Ilha Grande, evidencia tratamientos diferenciados y la naturalización del concepto. Entrevistas con guardias penitenciarios de la Colonia Agrícola del Distrito Federal, construida en 1942, permiten indicar cómo tales clasificaciones eran operacionales en el interior del sistema penitenciario y cómo se han desdoblado.