JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Soluções tópicas de fenilefrina são empregadas freqüentemente em cirurgia oftalmológica com o objetivo de promover descongestionamento capilar ou dilatação pupilar. Este artigo descreve um caso de hipertensão arterial grave seguida de edema pulmonar durante cirurgia para correção de estrabismo. A provável causa desta complicação foi a absorção sistêmica de fenilefrina administrada por via tópica ocular. O objetivo do relato é a discussão de meios de prevenção desta complicação, assim como do tratamento mais adequado. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 12 anos, 50 kg, estado físico ASA I, admitido no centro cirúrgico para realização de correção de estrabismo convergente bilateral em regime ambulatorial. Foi submetido à anestesia geral venosa e a manutenção, realizada com infusão contínua de remifentanil e propofol. Após colocação do bléfaro, 6 gotas de fenilefrina a 10% foram aplicadas por via tópica. Decorridos 5 minutos do início da cirurgia, o paciente desenvolveu hipertensão arterial e taquicardia, refratárias à elevação da dose administrada de remifentanil e propofol, bem como à administração de droperidol. O controle da pressão arterial e da freqüência cardíaca foi possível após o emprego do sevoflurano, mas houve diminuição da saturação de oxigênio e o aparecimento de crepitações pulmonares difusas por provável desenvolvimento de edema pulmonar agudo. A furosemida foi administrada e os anestésicos foram suspensos. O paciente apresentou melhora progressiva do quadro pulmonar, enquanto os valores de pressão arterial permaneciam dentro da normalidade. Recebeu alta da sala de recuperação pós-anestésica 6 horas após a cirurgia, quando se apresentava em ventilação espontânea em ar ambiente, com saturação de O2, ausculta pulmonar e pressão arterial normais. CONCLUSÕES: A administração de fenilefrina tópica deve ser realizada com cautela, antes do início da cirurgia e com o conhecimento do anestesiologista, para que medidas sejam empregadas com o objetivo de evitar absorção sistêmica em grande quantidade e, caso esta ocorra, as condutas preconizadas devem ser seguidas, ou seja, diminuição da pressão arterial sem causar depressão miocárdica, como no caso do emprego de beta-bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio. Os vasodilatadores de ação direta ou alfa-bloqueadores são as opções diante de hipertensão arterial grave decorrente da absorção sistêmica de fenilefrina.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Topic phenylephrine solutions are commonly used in eye procedures to promote capillary decongestion or pupil dilation. This article describes a case of severe hypertension followed by pulmonary edema during strabismus correction procedure. Possible cause of this complication might have been systemic absorption of phenylephrine eyedrops. Our objective is to discuss preventive means for such complication as well as the most adequate treatment. CASE REPORT: Male patient, 12 years old, 50 kg, physical status ASA I, admitted for outpatient bilateral convergent strabismus correction. Patient was submitted to intravenous general anesthesia, which was maintained with continuous remifentanil and propofol infusion. After blepharus adjustment, 6 drops of topic 10% phenylephrine were applied. Five minutes after beginning of surgery, patient has developed hypertension and tachycardia, refractory to increased remifentanil and propofol dose, as well as to droperidol. Blood pressure and heart rate could be controlled after sevoflurane administration, but there has been oxygen saturation decrease with diffuse pulmonary rales by possible development of acute pulmonary edema. Furosemide was administered and anesthetic solutions were withdrawn. Patient presented progressive pulmonary improvement while blood pressure remained within normal values. Patient was discharged from PACU six hours after surgery with spontaneous ventilation in room air, and normal O2 saturation, pulmonary auscultation and blood pressure. CONCLUSIONS: Topic phenylephrine should be cautiously administered before surgery and the anesthesiologist should be informed so that measures may be taken to prevent systemic absorption of large amounts. If there is absorption, preconized management should be followed, that is, decrease blood pressure without inducing myocardial depression, as it is the case with beta-blockers or calcium channel blockers. Direct action vasodilators, or alpha-blockers, are the options for severe hypertension induced by systemic phenylephrine absorption.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: Soluciones tópicas de fenilefrina son usadas frecuentemente en cirugía oftalmológica con el objetivo de promover descongestionamento capilar o dilatación pupilar. Este artículo describe un caso de hipertensión arterial grave seguida de edema pulmonar durante la cirugía para corrección de estrabismo. La probable causa de esta complicación fue la absorción sistémica de fenilefrina administrada por vía tópica ocular. El objetivo del relato es la discusión de medios de prevención de esta complicación, como también el tratamiento más adecuado. RELATO DEL CASO: Paciente del sexo masculino, 12 años, 50 kg, estado físico ASA I, admitido en el centro quirúrgico para realización de corrección de estrabismo convergente bilateral en régimen ambulatorial. Fue sometido a la anestesia general venosa y a manutención, realizada con infusión continuada de remifentanil y propofol. Despues de colocación del blefaro, 6 gotas de fenilefrina a 10% fueron aplicadas por vía tópica. Decorridos 5 minutos del inicio de la cirugía, el paciente desarrolló hipertensión arterial y taquicardia, refractarias a la elevación de la dosis administrada de remifentanil y propofol, bien como a la administración de droperidol. El control de la presión arterial y de la frecuencia cardíaca fue posible después del empleo de sevoflurano, pero hubo disminución de la saturación de oxígeno y el aparecimiento de crepitaciones pulmonares difusas por probable desarrollo de edema pulmonar agudo. La furosemida fue administrada y los anestésicos fueron suspensos. El paciente presentó mejora progresiva del cuadro pulmonar, mientras los valores de presión arterial permanecían dentro de la normalidad. Recibió alta de la sala de recuperación pos-anestésica 6 horas después de la cirugía, cuando se presentaba en ventilación espontánea en aire ambiente, con saturación de O2, ausculta pulmonar y presión arterial normales. CONCLUSIONES: La administración de fenilefrina tópica debe ser realizada con cautela, antes del inicio de la cirugía y con el conocimiento del anestesiologista, para que sean creadas medidas con el objetivo de evitar absorción sistémica en grande cantidad y, caso ésta ocurra, las conductas preconizadas deben ser seguidas, o sea, disminución de la presión arterial sin causar depresión miocárdica, como en el caso de la colocación de beta-bloqueadores o bloqueadores del canal de calcio. Los vasodilatadores de acción directa o alfa-bloqueadores son las opciones delante de la hipertensión arterial grave consecuente de la absorción sistémica de fenilefrina.