Abstract This contribution aims to present a brief summary of a long research based on the events of the last decades in the city of Rio de Janeiro. This article follows a path that seeks primarily to understand the use of cultural and artistic devices as tools for a complex process of changes and perspectives in the city. These changes are driven by the fact that the city of Rio has hosted two mega-events, the FIFA World Cup (2014) and the Olympics (2016), with a strong impact on the central and/or tourist areas of the city. The port area stands out as the main field of this research, from the idea of an abandoned area to the center of a cultural hub, with drastic visual, structural, and symbolic changes, with the building of Museu de Arte do Rio (Rio Museum of Art), and Museu do Amanhã (Museum of Tomorrow), as the main examples. A retrospective of the political life of the city, including the one of its municipal administrations, builds the idea that the instrumentalization of art and its use as a tool to "revitalize" areas of the city is part of an old project which was waiting for the right moment to be put into practice: the hosting of mega events. On the other hand, small autonomous cultural collectives have emerged in the region during this process and inserted new concepts and meanings for the use of art into the discussion, which resulted in a more complex discussion around the port area and its agents. Finally, by analyzing the recent political scenario of the city, it was possible to perceive the offensive posture toward cultural institutions resulting from conservative political perspectives, which again redefines the use of art and culture in the city.
Resumo: Esta contribuição busca apresentar o breve resumo de uma longa pesquisa baseada nos acontecimentos das últimas décadas na cidade do Rio de Janeiro. Este artigo percorre um trajeto que busca prioritariamente compreender o uso de aparelhos culturais e artísticos como ferramentas para um complexo processo de mudanças e perspectivas na cidade. Mudanças estas impulsionas pelo fato da cidade do Rio ter sediado dois megaeventos, a Copa do Mundo FIFA (2014) e as Olimpíadas (2016), com forte impacto nas áreas centrais e/ou turísticas da cidade. A zona portuária figura como o principal campo desta pesquisa, desde a ideia de área abandonada a centro de um polo cultural, com drásticas mudanças visuais, estruturais e simbólicas, tendo como principais exemplos a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã. Uma retrospectiva da vida política da cidade assim como suas gestões municipais constroem a ideia de que a instrumentalização da arte e seu uso como ferramenta para “revitalizar” áreas da cidade parte de um projeto antigo que encontrou na vinda dos grandes eventos o momento exato para ser posto em prática. Em contrapartida, pequenos coletivos culturais autônomos surgiram na região durante esse processo, inserindo na discussão novos conceitos e significados para o uso da arte, tornando a discussão em torno da zona portuária e seus agentes ainda mais complexa. Por fim, ao analisarmos o cenário político recente da cidade, foi possível perceber a ofensiva a instituições culturais decorrente de perspectivas políticas conservadoras, o que novamente redefine o uso da arte e da cultura na cidade.