Objetivo: avaliar letalidade, morbidade, resistência bacteriana e sorotipos mais freqüentes em crianças internadas por meningite bacteriana.Métodos: selecionamos crianças com meningite bacteriana com cultura positiva para S. pneumoniae, entre 1 mês e 15 anos, internadas em dois hospitais em São Paulo, e analisamos dados clínicos e microbiológicos. A identificação do S. pneumoniae foi realizada através do teste de optoquina e solubilidade em bile. Todas as cepas foram testadas com disco de oxacilina 1 µg e, nas cepas que apresentaram alo de inibição <20 mm, foi avaliada a concentração inibitória mínima para penicilina, cloranfenicol, eritromicina, ceftriaxona, vancomicina e trimetoprim/sulfametoxazole pelo método do E-teste. As cepas de pneumococo foram sorotipadas através da reação de Quellung. A evolução clínica dos pacientes foi analisada através de revisão retrospectiva dos prontuários, com uso de um protocolo uniforme de avaliação.Resultados: incluímos 55 pacientes com meningite pneumocócica, sendo que 52,5% delas apresentava idade menor de 6 meses. Das cepas isoladas, 36% apresentava infecção por cepa com resistência intermediaria à penicilina (0,1µg/ ml < CIM < 1,0 µg/ ml). Das cepas com susceptibilidade diminuída à penicilina, 35% era resistente à trimetoprim/sulfametoxazole. Não houve resistência aos outros antibióticos testados. A letalidade foi de 20%, e houve seqüelas neurológicas em 40% das crianças avaliadas. Em relação à perda auditiva, a mesma ocorreu em 60% das crianças avaliadas. Houve correlação estatisticamente significante entre letalidade e alteração neurológica com idade abaixo de 6 meses. Os sorotipos do pneumococo mais freqüentemente encontrados foram 1, 5, 6B, 14, 19A e 23F, sendo que 70% dos sorotipos encontrados estão presentes na vacina heptavalente, recentemente liberada.Conclusão: meningite pneumocócica apresenta alta letalidade e alta morbidade, e a vacina heptavalente tem utilidade potencial na sua prevenção.
Objective: to determine mortality, morbidity, antimicrobial susceptibility and the most frequent serotypes in children admitted to hospital due to pneumococcal meningitis Methods: patients with meningitis caused by Streptococcus pneumoniae detected by culture in cerebrospinal fluid or blood, aged between 1 month and 15 years old, admitted to two hospitals in the city of São Paulo, were included in the study. Susceptibility to penicillin was determined by the disk diffusion test using oxacillin 1 µg disk. If the inhibition area with oxacillin disk was less than 20mm, the strains were tested for penicillin, chloramphenicol, ceftriaxone, vancomycin and sulfamethoxazole /trimethoprim using the E test.Results: we identified 55 patients, 52.5% of which were younger than 6 months. The prevalence of penicillin-nonsusceptible strains was 36%. All the strains were intermediately resistant (0.1mg/ ml <FONT FACE=Symbol>£</FONT> MIC<FONT FACE=Symbol>£</FONT> 1.0 mg/ ml) and 35% of the penicillin intermediate resistant strains were resistant to sulfamethoxazole/trimethoprim. The mortality rate was 20% and impaired neurological outcome was present in 40% of the children. The audiometric test revealed alteration in 60% of the children tested. Age less than 6 months was associated with poor outcome. The most frequent serotypes were 1, 5, 6B, 14, 19A and 23F, and 70% of the serotypes were included in the new 7-valent vaccine.Conclusions: these findings suggest that pneumococcal meningitis presents high mortality and morbidity and that the 7-valent conjugate vaccine would be potentially useful in preventing serious pneumococcal infections.