Por que da dádiva à reciprocidade? Porque, precisamente, ao longo do Ensaio sobre a dádiva, Marcel Mauss descreve relações e prestações de reciprocidade. Procurando explicar as origens humanas da troca, o autor descobre princípios fundamentais da organização e da lógica econômica e social das sociedades de reciprocidade. A dádiva e a contradádiva pertencem a uma dialética social e econômica polarizada pelo prestígio e pela honra. Essa polaridade, por si só, proíbe não só reduzir o sistema dádiva/contradádiva a uma troca (intercâmbio), mas também proíbe explicar o princípio de redobramento da dádiva pelo interesse do primeiro doador. O reconhecimento traduz-se em prestígio e em autoridade política. Mas, para poder dar, é preciso produzir: a produção está subordinada à doação, o que gera uma economia com princípios inversos àqueles da economia de troca ocidental.
Why from the gift to reciprocity? Because, precisely, along the Essay on the gift, Marcel Mauss describes relations and reciprocity provisions. In order to explain the human origins of exchanging, the author uncovers fundamental principles of the organization and economic and social logics in societies of reciprocity. Both the gift and the counter-gift belong to a social and economical dialectics polarized by prestige and honor. Such polarity, alone, not only forbids the simplification of the system gift/counter-gift to an exchange, but also the explanation of the principle of the gift redoubling on the interest of the first donor. Recognition renders prestige and political authority. However, in order to give, it is necessary to produce: such production is subordinated to the donation, which generates an economy with principles anatropous to those of the exchange-based occidental economy.
Pourquoi le don de la réciprocité? Car, spécifiquement, au long de l'Essai sur le don, Marcel Mauss décrit les liens et les prestations de réciprocité. Cherchant à expliquer les origines humaines de l'échange, l'auteur découvre des principes fondamentaux de l'organisation et de la logique économique et sociale des sociétés de réciprocité. Le don et le contre-don appartiennent à une dialectique sociale et économique polarisée par le prestige et par l'honneur. Cette polarité interdit, à elle seule, non seulement de réduire le système don/contre-don à un échange, mais interdit aussi d'expliquer le principe de redoublement du don à cause de l'intérêt du premier donneur. La reconnaissance se traduit en prestige et en autorité politique. Mais, pour pouvoir donner, il faut produire: la production est subordonnée à la donation, ce qui gère une économie de principes inverses à ceux de l'économie d'échange occidentale.