Resumo O presente texto busca apresentar o escritor Elysio de Carvalho na sua vertente de tradutor e escritor da viragem do século XIX para o século XX, levando em consideração principalmente a sua contribuição na disseminação da literatura de Oscar Wilde no Brasil e o legado estético de sua escrita e tradução. Essas facetas são pouco estudadas quando confrontadas ao caráter decisivo de Carvalho como editor e como intelectual das letras, planos que convergem com sua atividade política, seu envolvimento com correntes do pensamento anárquico e, posteriormente, seu posicionamento ideológico conservador. Os trabalhos dos muitos teóricos e críticos literários, do calibre de Edmundo Bouças Coutinho (2006), Peter Raby (2010), entre outros, são consultados para embasamento da discussão literária acerca dessas temáticas. Em seguida, são investigadas suas traduções do poema A balada do cárcere de Reading, por ele intitulada A ballada do enforcado, em 1899, inaugurando a literatura de Wilde no sistema literário brasileiro e da peça teatral wildiana Uma tragédia Florentina, realizada em 1922. Busca-se descobrir marcas do seu projeto por meio da análise de suas escolhas tradutórias e verificar a transposição estética, estilística e cultural de Carvalho das obras de Wilde. Para essa finalidade, utilizam-se como norte teórico os textos de Susan Bassnett (2005), André Lefevere (2007) e com o embasamento fundamental da Teoria dos Polissistemas de Itamar Even-Zohar (1990), teórico fundador da vertente dos estudos culturais da tradução. Constata-se a relevância da tradução de Carvalho na transferência das marcas literárias e estéticas de Oscar Wilde, por meio das imagens, das construções metafóricas e semânticas presentes do poema e da peça teatral.
Abstract The present study attempts to present the writer Elysio de Carvalho within the context of his activities as a translator and writer at the turn of the 19th to the 20th centuries, by mainly taking into account his contribution in the dissemination of Oscar Wilde’s literature in Brazil and the aesthetic legacy of his writing and translation. These facets are little studied when confronted with Carvalho’s decisive character both as an editor and as an intellectual of Letters. These facets converge to his political activity and his involvement with anarchic tenets and, his future conservative ideology. Literary theoreticians’ and critics’ works, among whom Edmundo Bouças Coutinho (2006), Peter Raby (2010), among others, are used as a basis for literary discussion regarding these themes. After that, a translation, by Elysio de Carvalho, of Oscar Wilde’s poem The ballad of Reading Gaol, by Carvalho entitled A ballada do enforcado, was translated in 1899, in this way introducing Oscar Wilde’s literature within the Brazilian literary system and the theater play entitled Uma tragedia Florentina, written in 1924. In this study, we seek to uncover marks of his translation project by means of an analysis of his translational choices and Carvalho’s aesthetic, stylistic and cultural transposition of Wilde’s works. For this purpose, the theoretical texts by Susan Bassnett (2005), Andre Lefevere (2007) are utilized, as well as the foundations of Itamar Even-Zohar’s Polysystems Theory (1990), theoretician who founded the Cultural Studies in Translation. The relevance of Carvalho’s translation is verified by means of the transference of Oscar Wilde’s literary and aesthetic marks, through the images, metaphorical and semantic constructions present in both the poem and the theater play.