A comunidade de flores visitadas por beija-flores em habitats abertos de montanhas da Serra do Espinhaço, sudeste do Brasil foi estudada por dois anos (de agosto de 2007 a julho de 2009) no Parque Nacional da Serra do Cipó (19° 15′ S e 43° 31′ W). As características florais e o período de floração das plantas visitadas foram registradas mensalmente ao longo de trilhas localizadas em três tipos vegetacionais: (1) campos rupestres típicos (TCR), (2) campos abertos (OPF), e (3) capões de mata (CAM). Foram observadas visitas de beija-flores a 51 espécies de plantas: 22 ornitófilas e 29 não-ornitófilas. O TCR apresentou o maior número de espécies visitadas (N = 38), seguido pelo OPF (N = 18) e CAM (N = 17). Seis espécies de beija-flores foram observadas visitando as flores: Augastes scutatus, Campylopterus largipennis, Colibri serrirostris, Chlorostilbon lucidus, Eupetomena macrourae Phaethornis pretrei. A riqueza de espécies e o número de espécies ornitófilas visitadas pelos beija-flores, neste estudo, foi mais similar à comunidades de plantas visitadas por beija-flores na Floresta Atlântica, que as comunidades do Cerrado, bem como de outras comunidades de ambientes abertos do Brasil. As famílias com maior número de plantas visitadas pelos beija-flores foram Bromeliaceae e Asteraceae. Apesar da família Asteraceae, raramente ser utilizada como fonte alimentar pelos beija-flores em outras comunidades, nas áreas amostradas neste estudo esta família foi utilizada, principalmente, pelo beija-flor endêmico A. scutatus. Nós registramos grande sobreposição de floração ao longo do ano entre as espécies visitadas pelos beija-flores. Portanto, a disponibilidade de néctar mantem os beija-flores residentes. Este estudo, demonstrou também, que a comunidade de plantas visitadas pelos beija-flores nesta área é composta por muitas espécies endêmicas dos campos rupestres da Serra do Espinhaço, algumas das quais consideradas em perigo de extinção, constituindo assim uma comunidade única e ameaçada. Portanto, o entendimento da dinâmica de polinização desta comunidade é fundamental para a conservação dos campos rupestres.
The hummingbird-visited plant community located on the open-habitat mountaintop of the Espinhaço Range was studied for two years (from August 2007 to July 2009) in Serra do Cipó National Park, Southeastern Brazil (19° 15′ S and 43° 31′ W). The floral characteristics and flowering period of the hummingbird-visited plants was monthly recorded along trails located in three vegetation types: (1) typical campos rupestres (TCR), (2) open fields (OPF), and (3) capões de mata(CAM). Hummingbird visitation was observed in 51 plant species, 22 ornithophilous and 29 non-ornithophilous species. The TCR showed the greatest number of species visited (N = 38), followed by the OPF (N = 18) and CAM (N = 17). Six species of hummingbirds were recorded visiting flowers: Augastes scutatus, Campylopterus largipennis, Colibri serrirostris, Chlorostilbon lucidus, Eupetomena macroura and Phaethornis pretrei. This study demonstrates that the species richness and the number of ornithophilous species visited by the hummingbirds at the study site are more similar to hummingbird-plant communities of the Atlantic Forest than to those of the Cerrado communities and other Brazilian highland open-habitat communities. The plant families most visited by hummingbirds were Bromeliaceae and Asteraceae. Although the Asteraceae family is rarely used as a food resource for hummingbirds in other high and lowland communities, in the study site this family is used mainly by the endemic hummingbird Augastes scutatus. We found a large overlap of flowering throughout the year among the species visited by the hummingbirds. Thus, the nectar availability supports these resident hummingbirds. The present study also showed that the studied hummingbird-plant community is composed of many species endemic to the campos rupestres of the Espinhaço Range, some of which are considered to be in danger of extinction, thus constituting a unique and threatened community. Thus, understanding hummingbird-plant pollination dynamics becomes fundamental to the conservation of the campos rupestres.