Os autores apresentam, os resultados de um inquérito clínico-nutricional e antropométrico realizado no período 1965 a 1967, em 11.283 indivíduos residentes nas zonas rural e urbana de três Estados do nordeste brasileiro (Alagcas, Rio Grande do Norte e Pernambuco), com o objetivo de estudar o estado nutricional de populações residentes em áreas endêmicas de Esquistossomose mansônica. Chamam a atenção para a freqüência relativamente baixa de manifestações clínicas de doenças carenciais, apesar de tratar-se de região cujos baixos padrões sociais e econômicos são bastante conhecidos, sugerindo que a maioria dos indivíduos deve apresentar deficiência nutricional apenas a nível bioquímico. Dentre os sinais de doença, carencial pesquisados, foram registrados com maior freqüência: estomatite angular, cicatrizes das comissuras labiais, atrofia das papilas linguais, gengivite, dermatite seborreica naso-labial e dermatite pelagrosa. De um modo geral, as manifestações clínicas de doença carencial pareciam incidir com maior freqüência entre os indivíduos parasitados pelo S. mansoni. embora não tenham sido encontrados resultados estatisticamente significativos. Os níveis de hemoglobina, pesquisados apenas em população rural do Estado de Pernambuco (Município de São Lourenço), foram muito baixos, não havendo, contudo, diferença estatisticamente significante entre crianças exibindo manifestações clínicas de carência duplamente parasitadas, e aquelas apenas portadoras de esquistossomose. Estudo antropométrico sumário, realizado no grupo etárío de 1 a 12 anos. e baseado na tomada de pese e altura, não revelou diferença estatisticamente significativa, entre crianças exibindo ou não doença carencial, e/ou ccm e sem Esquistossomose, contrariando achados de outros autores, e para cuja explicação pode ser invocado o pequeno número de formas graves (hepato-esplênicas) encontradas no campo, nesse grupo de idade. Os resultados do presente trabalho, por tratar-se de estudo preliminar, não permitem inferir conclusões definitivas, perém reforçam a suposição do provável papel desempenhado pela desnutrição na evolução da Esquistossomose mansônica, sugerindo a necessidade de continuação desses estudos, para uma melhor compreensão dos aspectos nutricionais das relações hospedeiro-parasito, nessa helmintose.
Results are presented of a nutrition survey including clinical mid anthropometric measurements done from 1965 to 1967 which included 11.283 people from both urban and rural areas of three states in northeastern Brazil (Alagoas, Rio Grande do Norte and Pernambuco), since it was intended to study the nutritional status of people living in endemic areas of schistosomiasis (Schistosomiasis mansoni). A relatively low frequency of clinical signs of the deficiency diseases were noticed even though the low social and economic standards of these population is quite well known. It is therefore sugested that most of these people possibly have nutritional deficiencies at the metabolic level. The most frequent clinical signs noted, were: angular stomatitis (angular lesions), angular scars, filiform papillary atrophy of the tongue. marginal swelling of the gums, nasolabial seborrhea and pellagrous dermatitis. In general, the clinical signs seemed to be most common among people with S. mansoni, although no statistical significance was found. The hemoglobin levels, as determined on just the rural population (State of Pernambuco), showed very low values, particularly among the people showing clinical signs and infected with both S. mansoni and hookworm, as compared to those with only S. mansoni. Weight and height measurements for the age group 1 to 12 year old showed no estatistically significant results among children with and without deficiency diseases, and children with ami withcut schistosomiasis, which is in disagreement with other reported papers. However, the small percentage of severe (hepato-splenic) clinical forms of Schistosomiasis found in the field, in this age group, may account for the difrefence in findings. From the results presented in this preliminary study, no definitive conclusons can be drawn. However, the probable influence of undernutrition on the evolution of Schistosomiasis mansoni indicates the continuation of this line of research in order to obtain a better understanding of the nutritional aspects of the host-parasite relationships in this helminthosis.