A sistemática filogenética (ou análise cladística das relações filogenéticas) não é estruturada de uma maneira hipotético-dedutiva (no sentido de um modelo de lei de explanação científica abrangente). Se esta fosse, não haveria razão de apelar para o princípio de evidência total, já que este requisito encontra-se automaticamente preenchido em uma explanação estruturada de forma dedutiva. Alternativamente, a demanda pelo requisito de evidência total na sistemática filogenética indica que a inferência filogenética é estruturada de forma indutiva ou até mesmo abdutiva. O princípio de evidência total foi invocado no sentido de transformar a inferência indutiva em sistemática em um argumento tão forte quanto possível, mas para que isto ocorra o princípio de evidencia total deve representar também evidência relevante, isto é evidência "do tipo certo" em relação ao assunto a ser esclarecido. A congruência de caracteres constitui-se em uma condição necessária à inferência filogenética, mas não deve ser vista como uma condição suficiente para esta última. O que parece faltar é uma base causal na definição de caracteres em teorias de herdabilidade, desenvolvimento e função.

Phylogenetic systematics (the cladistic analysis of phylogenetic relationships) is not hypotheticodeductively structured (in the sense of a covering law model of scientific explanation). If it were, there would be no reason to call for total evidence, since that requirement is automatically satisfied in a deductively structured explanation. Instead, the appeal to the requirement of total evidence in phylogenetic systematics indicates that phylogenetic inference is inductively, or abductively, structured. The principle of total evidence has been invoked to render inductive inference an argument as strong as it can be, but for this to be the case the total evidence must also be relevant evidence, i.e., evidence 'of the right sort' relative to the state of affairs to be explained. Character congruence is a necessary condition for phylogenetic inference, but not also a sufficient condition. What is required in addition is the causal grounding of character statements in theories of inheritance, development and function.

O teste de congruência baseado em evidência total, como é usado na sistemática, foi atrelado à filosofia Popperiana de ciência, mas aqui se demonstra estar relacionado à teoria coerentista da verdade na metafísica e a teoria do coerentismo na epistemologia. Como o teste de congruência é coerentista, a base contextual (teórica) da conceitualização inicial de caracteres não pode ser ignorada como sugerido por alguns proponentes da abordagem de evidência total. Os méritos relativos apresentados pelas abordagens de evidência total e de partição condicional do conjunto de dados são considerados. Apesar das duas abordagens apresentarem seus méritos e desvantagens, ambas necessitam de um embasamento causal para definição dos caracteres (definição de homologia), ao menos de forma aproximada e falseável. A conclusão é que a congruência de caracteres representa uma condição necessária, mas não suficiente para a reconstrução filogenética.

The test of congruence under total evidence as used in systematics has been tied to a Popperian philosophy of science, but is here shown to be related to the coherence theory of truth in metaphysics and thus to coherentism in epistemology. Since the test of congruence is coherentist, the contextual (theoretical) background of initial character conceptualization cannot be ignored as is suggested by some proponents of the total evidence approach. The relative merits of a total evidence approach versus conditional data set partitioning are considered, and whereas both have their merits and drawbacks, either approach requires causal grounding of character statements (statements of homology), at least approximately and defeasibly. The conclusion is that character congruence is a necessary, but not also a sufficient, condition for phylogeny reconstruction.