Resumo: Com base em uma incursão crítica por debates sobre literatura e cinema mundial, em que busco interrogar o conceito de mundo, este artigo elabora um argumento duplo, no qual está em jogo a questão da mundação, isto é, da configuração de mundos como partilhas do comum. Por um lado, trata-se de um argumento fundamentalmente teórico. Literatura e cinema operam como dispositivos cosmotécnicos sempre que trabalham no sentido de unificar ordem cósmica e ordem moral, inscrevendo o comum (que se define pela contingência e indeterminação) na ordem pretensamente necessária de um arquivo e determinando-o como comunidade. Quando perturbam a unificação de cosmos e moral, insinuando outras partilhas, literatura e cinema operam como aparelhos cosmopoéticos, que restituem ao comum a abertura inquietante de sua contingência e indeterminação. Por outro lado, trata-se de um argumento metodológico. O atlas, entendido como conjunto de mapas, tem sido reivindicado como ferramenta analítica em estudos de literatura mundial e cinema mundial, definindo um programa de pesquisa. Nessas abordagens, literatura e cinema tendem a ser identificados à sua operação como dispositivos cosmotécnicos. Para interrogar sua operação como aparelhos cosmopoéticos, é preciso suplementar o atlas como forma de arquivamento do mundo, experimentando com as possibilidades de uma linhagem associada ao atlas de imagens. Esse argumento duplo conduz à proposição de uma deriva de pesquisa (em vez de um programa): um atlas de cosmopoéticas. Resumo mundo mundação lado tratase trata teórico moral indeterminação determinandoo determinando comunidade cosmopoéticos metodológico mapas abordagens imagens programa) cosmopoéticas
Abstract: Based on a critical foray through debates on world literature and world cinema in which I seek to interrogate the concept of world, this article elaborates a double argument, in which it is at stake the question of worlding, that is, the configuration of worlds as partitions of the common. On the one hand, it is a fundamentally theoretical argument. Literature and cinema operate as cosmotechnical dispositives whenever they work to unify cosmic order and moral order, inscribing the common (which is defined by contingency and indetermination) in the supposedly necessary order of an archive and determining it as community. When they disturb the unification of cosmos and morality, insinuating other partitions, literature and cinema operate as cosmopoetic apparatuses, which restitute the unsettling openness of the common’s contingency and indetermination. On the other hand, this is a methodological argument. The atlas, understood as a set of maps, has been claimed as an analytical tool in studies of world literature and world cinema. In these approaches, literature and cinema tend to be identified to their operation as cosmotechnical dispositives, defining a research program. To interrogate their operation as cosmopoetic apparatuses, it is necessary to supplement the atlas as a form of archiving the world by experimenting with the possibilities of a lineage associated with the atlas of images. This dual argument leads to the proposition of a research wander (instead of a program): an atlas of cosmopoetics. Abstract worlding hand indetermination community morality apparatuses commons s maps approaches program images instead program) cosmopoetics