A maior parte das florestas naturais foi convertida para uso humano, confinando a vida biológica a pequenos fragmentos florestais. Muitos animais, dentre os quais algumas espécies de morcegos, encontram-se em vias de desaparecimento e a lista dessas espécies aumenta a cada dia, sendo a destruição dos habitats um dos principais responsáveis por esse quadro. O objetivo deste trabalho foi analisar a composição da comunidade de morcegos em ambientes com diferentes tamanhos e qualidade de habitat; para isso, foram utilizados dados de trabalhos realizados na região de Londrina - Paraná, Brasil, entre os anos de 1982 e 2000. Originalmente, essa área era coberta por floresta estacional semidecidual, com destaque para Aspidosperma polyneuron (Apocynaceae), Ficus insipida (Moraceae), Euterpe edulis (Arecaceae) e Croton floribundus (Euforbiaceae); nota-se que, atualmente, restam apenas pequenos remanescentes da vegetação original. Os resultados mostraram um declínio no número de espécies capturadas nas áreas de menor tamanho em relação ao maior remanescente. Em aproximadamente 18 anos de amostragens, 42 espécies de morcegos foram encontradas na região, o que representa 67% das espécies que ocorrem no Paraná e 24,4% no Brasil, sendo duas espécies de Noctilionidae, 21 de Phyllostomidade, 11 de Vespertilionidae e oito de Molossidae. Destas, oito foram capturadas apenas no maior fragmento, o Parque Estadual Mata dos Godoy (680 ha). Dez espécies apresentaram baixo índice de captura nas menores áreas, com menos de três indivíduos. Do total amostrado, 14 espécies foram encontradas em edificações humanas, sendo capazes de tolerar ambientes modificados, forrageando e até mesmo utilizando-os como abrigo. Conforme o tamanho da área de floresta aumenta, há uma maior variedade de oportunidades ecológicas e suas condições físicas tornam-se mais estáveis, ou seja, há condições favoráveis para o crescimento e a sobrevivência de um maior número de espécies. A fragmentação florestal limita e cria subpopulações, preservando somente por algum tempo um animal de vida longa, K-estrategista, em que a capacidade suporte do meio é um fator restritivo. A redução dos habitats, das espécies e da diversidade genética resultante das atividades humanas está pondo em risco a adaptabilidade futura nos ecossistemas naturais, o que promove o desaparecimento de espécies de baixo potencial adaptativo.
Most natural forests have been converted for human use, restricting biological life to small forest fragments. Many animals, including some species of bats are disappearing and the list of these species grows every day. It seems that the destruction of the habitat is one of its major causes. This study aimed to analyze how this community of bats was made up in environments with different sizes and quality of habitat. Data from studies conducted in the region of Londrina, Parana, Brazil, from 1982 to 2000 were used. Originally, this area was covered by a semi deciduous forest, especially Aspidosperma polyneuron (Apocynaceae), Ficus insipida (Moraceae), Euterpe edulis (Arecaceae), Croton floribundus (Euforbiaceae), and currently, only small remnants of the original vegetation still exist. The results showed a decline in the number of species caught in smaller areas compared to the largest remnant. In about 18 years of sampling, 42 species of bats were found in the region, representing 67% of the species that occur in Paraná and 24.4% in Brazil. There were two species of Noctilionidae; 21 of Phyllostoma; 11 Vespertilionidae and eight Molossidae. Eight of these were captured only in the largest fragment, Mata dos Godoy State Park (680 ha). Ten species had a low capture rate in the smaller areas with less than three individuals. Of the total sampled, 14 species were found in human buildings, and were able to tolerate modified environments, foraging and even using them as shelter. As the size of the forest area increases, there is a greater variety of ecological opportunities and their physical conditions become more stable, i.e., conditions favorable for growth and survival of a greater number of species. Forest fragmentation limits and creates subpopulations, preserving only long-lived K-strategist animals for some time, where the supporting capacity of the environment is a limiting factor. The reduction of habitats, species and genetic diversity resulting from human activities are endangering the future adaptability in natural ecosystems, which promotes the disappearance of low adaptive potential species.