Entre 1977 e 1981, foi realizado um inquérito eletrocardiográfico nacional tendo por objetivo avaliar a prevalência da cardiomiopatia chagásica no Brasil. Foram feitos 5.347 eletrocardiogramas. Após o pareamento dos indivíduos, segundo a idade e gênero, a distribuição dos eletrocardiogramas dos autóctones, em cada estado, ficou assim constituída: Rio Grande do Sul (1.078), Minas Gerais (760), Bahia (612), Paraná (400), Paraíba (340), Piauí (218), Sergipe (216), Goiás (176), Pernambuco (170), Ceará (136) e Alagoas (134). Os maiores percentuais de alterações eletrocardiográficas entre os indivíduos com soros reagentes foram encontrados nos Estados de Goiás (63,6%), Minas Gerais (57,6%), Ceará (57,3%), Paraná (54,5%), Piauí (53,2%) e Paraíba (52,3%). Entre os controles, nestes estados, a prevalência das alterações eletrocardiográficas foi de 25%, 25,7%, 25%, 12,5%, 22,9% e 26,5% respectivamente. Observou-se diferença estatisticamente significativa em relação à prevalência das alterações eletrocardiográficas, entre os indivíduos soro reagentes e os não reagentes, em todos os estados, exceção feita para o de Alagoas. O cálculo do gradiente mostrou-se maior no Estado do Paraná (42%), seguido por Goiás (38,6%), Ceará (32,3%) Minas Gerais (31,9%), Piauí (30,3%), Paraíba (25,8%), Pernambuco (22,3%), Bahia (18,9%), Sergipe (16,7%), Rio Grande do Sul (9,9%) e Alagoas (7,5%). Em relação à distribuição das alterações eletrocardiográficas encontradas, nos onze estados analisados, verificou-se que as extrassístoles ventriculares, o bloqueio de grau avançado do ramo direito, o bloqueio da divisão ântero-superior do ramo esquerdo, a associação do bloqueio de grau avançado do ramo direito com o bloqueio da divisão ântero-superior do ramo esquerdo e alterações primárias do segmento ST e da onda T, mostraram diferença estatisticamente significativa, entre os indivíduos com sororreagentes e os não reagentes Além disto, estas alterações eletrocardiográficas foram as de maior prevalência no grupo dos indivíduos chagásicos.
In order to investigate the prevalence of chagasic heart disease in Brazil, a national electrocardiographic survey was carried out from 1977 to 1981. A total of 5,347 electrocardiograms (ECG) were performed and paired by age and gender. The results obtained in relation with the autochthonous cases, were distributed by Brazilian states, as follows: Rio Grande do Sul (1,078), Minas Gerais (760), Bahia (612), Paraná (400), Paraiba (340), Piauí (218), Sergipe (216), Goiás (176), Pernambuco (170), Ceará (136) and Alagoas 134. The higher proportions of altered ECGs among seropositive individuals were found in the States of Goiás (63.6%), Minas Gerais (57.6%), Ceará (57.3%), Paraná (54.5%), Piauí (53.2%) and Paraiba (52.3%). Among the control individuals, these proportions were respectively 25%, 25.7%, 25%, 12.5%, 22.9% and 26.5%. A significant statistical difference of altered ECGs between positive and negative individuals was verified in all the States, with a single exception (Alagoas). The estimation of the gradient showed to be higher in Paraná State (42%), followed by Goiás (38.6%), Ceará (32.3%), Minas Gerais (31.9%), Piauí (30.3%), Paraíba (25.8%), Pernambuco (22.3%), Bahia (18.9%), Sergipe (16.7%), Rio Grande do Sul (9.9%) and Alagoas (7.5%). Concerning the distribution of the electrocardiographical alterations found in the eleven states, the main alterations find among the seropositive group were: ventricular extrasystoles, complete right bundle branch block, left anterior fascicular block, the association of complete right bundle branch block with left anterior fascicular block and primary alterations of the ST segment and of the T wave. Furthermore, these ECG alterations were more prevalent in the group of infected individuals.