Objetivos: Descrever uma população de pacientes com diabetes tipo 1 (DM1) em relação a fatores demográficos, ambientais, sócio-econômicos e manejo da doença. Delineamento: Série de casos. Participantes: Indivíduos com DM1, com até 10 anos de doença, até 30 anos de idade, residentes em onze municípios do sul do Brasil. Resultados: Foram estudados 126 indivíduos com DM1 (57 homens e 69 mulheres), sendo que a idade mais freqüente de início da doença foi dos 11 aos 15 anos (31%). Houve variação sazonal na época de apresentação. O diagnóstico foi feito por sintomas que motivaram uma dosagem de glicemia em 61%, por hospitalização, não em UTI, em 22% e por cetoacidose em 18%. Na amostra, 47% aplicava insulina uma vez ao dia. Sessenta por cento dos pacientes realizava algum tipo de automonitorização, um terço reutilizava seis ou mais vezes a seringa e 50% da insulina era fornecida pelo poder público. Quanto ao reconhecimento da hipoglicemia, 18% dos pacientes não sabiam citar nenhum dos sinais de alerta. Grande parte da amostra (73%) consultava médico especialista em DM. Dos pacientes com mais de 5 anos de doença, 16% nunca haviam feito fundoscopia e 17% haviam realizado o exame há 2 anos ou mais. As formas de apresentação da doença e da aquisição de insulina e a consulta com especialista estiveram associadas à renda familiar. As mulheres seguiam a dieta de modo mais adequado (p= 0,05) e auto-aplicavam insulina com mais freqüência, quando comparadas aos homens. Conclusões: Os fatores sócio-econômicos influenciaram neste estudo a forma de diagnóstico da doença, a obtenção de insulina e o acesso à especialistas. Os pacientes ainda carecem de conhecimentos básicos a respeito do manejo da doença.
Objectives: To describe a type 1 diabetes mellitus (DM1) population with regard to demographic, socioeconomic, environmental and management aspects. Design: Series of cases. Participants: 126 DM1 patients, aged up to 30 yrs, with no more than 10 yrs of diagnosis, living in some cities of South Brazil. Results: The patients were 57 men and 69 women, being the age of onset mainly at 11-15 yrs (31%). There were seasonal presentations at diagnosis. The diagnosis of DM was done as outpatients, by symptoms in 61%, due to hospitalization in 22% and ketoacidosis in 18%. Forty-seven percent of the sample injected insulin once daily, 60% of patients performed some self monitoring, one third reused the same syringe six or more times and 50% of insulin was provided by public services. Regarding awareness of hypoglycaemia, 18% of the patients did not know any signal of alert. A significant part of the sample was seen by a specialist in DM (73%). Among the patients with five years or more of DM, 16% of them have never had their eyes examined and 17% had been examined at least two years ago. The onset of DM, assistance by a specialist and provision of insulin was associated with familiar income. Women were on diet more often (p= 0,05) and had more self-injection of insulin (p= 0,01) than men. Conclusions: In this study, socio-economic factors seem to influence the onset of DM, provision of insulin and assistance by a specialist doctor in DM. In general, patients did not have background and skills for self-management of DM.