Neste texto, realizamos uma discussão de fundo epistemológico, procurando compreender como a mídia dá a ler determinados acontecimentos históricos da política brasileira por meio de textos imagéticos. Como corpora, elegemos fotografias de atores políticos que circularam no jornal Folha de S. Paulo, durante o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 2010. Nossa discussão está fortemente assentada nos trabalhos de Dominique Maingueneau acerca de citação, destacabilidade e aforização. Nesses trabalhos, o teórico propõe uma densa discussão sobre a circulação dos textos verbais em nossa sociedade, isto é, sua reflexão busca saber como certos textos circulam - inteiros, em fragmentos, adaptados - e por que, de um texto integral, frequentemente circulam apenas partes - finais, começos, pequenas frases. Dessa discussão empreendida, tentamos tirar algumas consequências teóricas a partir da análise de textos que mobilizam em sua constituição não apenas recursos verbais, mas, principalmente, recursos de natureza imagética. Nossa questão de fundo é pensar, por um lado, como se dá o processo de citação, destacabilidade e aforização do texto imagético na mídia impressa e digital e, por outro, em que medida esse trabalho de recorte do imagético interfere na interpretação do acontecimento histórico, fornecendo ao leitor uma espécie de percurso deôntico de interpretação.
In this article, we will undertake a discussion with an epistemological background and try to comprehend how the media offers to read certain historical events in Brazilian politics through pictorial texts. As corpora we elected political actors' photographs that circulated in the newspaper Folha de S. Paulo during the second round of the 2010 Brazilian presidential elections. Our discussion is firmly based on Dominique Maingueneau's work (2006, 2008 and 2010) about quotation, detachment and aphorization. In these papers, the French theorist proposes a rich and refined discussion about the circulation of verbal texts in our society, that is, a discussion about how certain texts circulate - as a whole, in fragments, adapted, etc. - and why, from an integral text, often circulates only parts of it - endings, beginnings, small phrases, etc. From this discussion, we'll try to take some analytical-theoretical consequences for the analysis of texts that mobilize in their constitution not only verbal resources, but mainly resources of pictorial nature. Our background question is to think, on the one hand, on how the process of citation, detachment and aphorization works in pictorial texts in printed and digital media, and, on the other hand, on how these fragments of pictorial texts interfere with the interpretation of the historical event, which means how they are put into narrative, providing the reader a kind deontic journey of interpretation.