RACIONAL: Nas operações de cardiomiotomia para tratamento do megaesôfago ocorre recidiva dos sintomas em até 15% dos pacientes, sendo que alguns necessitam reoperação. OBJETIVO: Avaliar os resultados de reoperações através de cardioplastia e gastrectomia parcial em Y-de-Roux, conforme técnica proposta por Serra-Dória. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Foram estudados de forma retrospectiva, 20 pacientes com megaesôfago previamente tratados por cardiomiotomia. A causa de recidiva dos sintomas foi esofagite de refluxo em nove (45,0%), miotomia incompleta em um (5,0%), cicatrização da miotomia em cinco (25,0%) e presença de megaesôfago avançado em cinco (25.0%). Analisaram-se as complicações intra e pós-operatórias. Os pacientes foram avaliados sob o ponto de vista clínico (disfagia, regurgitação, pirose e variação de peso), radiológico e endoscópico, no pré e no pós-operatório imediato e tardio. RESULTADOS: Cinco (25,0%) doentes apresentaram complicações no pós-operatório imediato. Não houve mortalidade. Todos os doentes melhoraram da disfagia, com quase total desaparecimento da regurgitação e pirose. Houve manutenção ou aumento de peso em 64,7% dos pacientes. O estudo radiológico mostrou diminuição do calibre do esôfago em 53,0% e manutenção nos demais. Não houve aumento do calibre em nenhum dos pacientes. No exame endoscópico realizado no pós-operatório tardio em 17 pacientes, observou-se que 6 entre 9 que apresentavam esofagite de refluxo, melhoraram; 2 entre 8, que apresentavam esôfago normal no pré-operatório, desenvolveram esofagite. CONCLUSÕES: A operação de Serra-Dória para tratamento do megaesôfago, operado por cardiomiotomia com recidiva dos sintomas, apresentou baixa morbidade e ausência de mortalidade. Permitiu expressivo alívio dos sintomas e diminuição do calibre do esôfago em vários doentes. Possibilitou, também, melhora da esofagite de refluxo, havendo, entretanto, a possibilidade de sua manutenção, bem como do seu aparecimento em doentes que não a apresentavam.
BACKGROUND: After cardiomyotomy for the treatment of megaesophagus, recurrence of symptoms occur in up to 15% of the patients, but only some require a reoperation. AIM: To evaluate the results of reoperation - cardioplasty with Roux-en-Y partial gastrectomy, a technique proposed by Serra-Dória. CASUISTIC AND METHODS: Twenty patients with achalasia previously treated by cardiomyotomy, were retrospectively studied. The etiology of symptoms recurrence was reflux esophagitis in nine (45.0%) patients, healing of the myotomy in five (25.0%), end staging megaesophagus in five (25.0%) and incomplete myotomy in one (5%). Intra and postoperative complications were analyzed. The patients were studied by clinical (dysphagia, regurgitation, heartburn and weight gain), radiological and endoscopic evaluation, in the pre- and postoperative period. RESULTS: Five (25.0%) patients had complications in the immediate postoperative period. No deaths were observed. Dysphagia improved in all the patients. Regurgitation and heartburn almost disappeared in the whole group. Weight was maintained or increased in 64.7% of the patients. Radiological studies showed a decrease in the caliber of the esophagus in 53.0%, while the remaining patients maintained the pre-operative diameter. Endoscopy, performed during the late postoperative period in 17 patients, showed that 6 among the 9 with reflux esophagitis improved; 2 among the 8 with a normal esophagus during the preoperative period, developed esophagitis. CONCLUSIONS: The Serra-Dória procedure for the treatment of megaesophagus in patients who had already undergone cardiomyotomy and whose symptoms recurred, presented a low morbidity and no mortality. It offered a significant relief of symptoms with a decrease of the caliber of the esophagus in several patients. The patients also improved with regards to reflux esophagitis. In some cases reflux was still present after surgery. Others with normal esophagus in the preoperative period developed esophagitis.