OBJETIVO : Analisar a relação entre comportamento sexual e fatores de risco à saúde física ou mental entre adolescentes. MÉTODOS : Estudo realizado com 3.195 escolares de 15 a 19 anos de idade, do segundo ano do ensino médio de escolas públicas e particulares das capitais de 10 estados do Brasil, em 2007-2008. Foi utilizada amostragem por conglomerados com multiestágio de seleção (escolas e alunos) em cada cidade e rede de ensino pública e particular. Foi aplicado questionário a todos os alunos selecionados, com os seguintes itens: dados socioeconômicos e demográficos; comportamento sexual; “transar” com pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos; uso de bebida alcoólica e maconha; usar camisinha ao “transar”; presença de experiências sexuais traumáticas na infância ou adolescência; e ideação suicida. A análise incluiu descrição de frequências, teste de Qui-quadrado, análise de correspondência múltipla e de cluster. Foram analisadas qualitativamente, por análise dos conteúdos manifestos, as respostas a uma questão livre em que o adolescente expressou comentários gerais sobre si e sua vida. RESULTADOS : Cerca de 3,0% dos adolescentes referiu comportamento homossexual ou bissexual, sem diferenciação de sexo, idade, cor da pele, estrato social, estrutura familiar e rede de ensino. Adolescentes com comportamento homo/bissexual comparados aos heterossexuais relataram (p < 0,05): ficar de “porre” (18,7% e 10,5%, respectivamente), uso frequente de maconha (6,1% e 2,1%, respectivamente), ideação suicida (42,5% e 18,7%, respectivamente) e ter sido vítima de violência sexual (11,7% e 1,5%; respectivamente). Adolescentes com comportamento homo/bissexual relataram utilizar menos preservativo de forma frequente (74,2%) do que aqueles com comportamento heterossexual (48,6%, p < 0,001). Três grupos foram encontrados na análise de correspondência: composto por adolescentes com comportamento homo/bissexual e que vivenciava os fatores de risco: sofrer violência sexual, nunca utilizar camisinha ao “transar”, ideação suicida, uso frequente de maconha; composto por usuários ocasionais de maconha e camisinha e com frequentes “porres”; adolescentes com comportamento heterossexual e ausência dos fatores de risco investigados. Entre adolescentes com comportamento homo e bissexual, houve mais fatores de risco quando comparados àqueles com comportamento heterossexual. Os adolescentes com comportamento homo e bissexual expuseram mais suas vivências pessoais positivas e relacionamentos negativos do que seus pares heterossexuais, mas se expressaram menos sobre religiosidade. CONCLUSÕES : O tema não somente deve ser mais estudado como também devem ser ampliadas as ações preventivas voltadas aos adolescentes com relações afetivo-sexuais homo/bissexuais.
OBJECTIVE : To analyze the relationships between sexual behavior and risk factors to physical and mental health in adolescents. METHODS : Study of 3,195 pupils aged 15 to 19 in secondary education, in public and private schools in 10 state capitals in Brazil between 2007 and 2008. Multi-stage (schools and pupils) cluster sampling was used in each city and public and private educational network. All of the students selected completed a questionnaire on the following items: socioeconomic and demographic data; sexual behavior; having sex with those of the same sex, the opposite sex, or both; alcohol and cannabis use; using condoms; traumatic sexual experiences as a child or adolescent; suicidal thoughts. The analysis included describing frequencies, Chi-square test, analysis of multiple and cluster correspondence. Responses to an open ended question in which the adolescent expressed general comments about themselves and their lives were qualitatively analyzed using content analysis. RESULTS : Around 3.0% of adolescents reported homosexual or bisexual behavior, with no difference according to sex, age, skin color, social status family structure or educational network. Adolescents with homosexual/bisexual sexual behavior, compared to their heterosexual peers, reported: (p < 0.05): getting drunk (18.7% and 10.5%, respectively), frequent cannabis use (6.1% and 2.1%, respectively), suicidal thoughts (42.5% and 18.7%, respectively), and having been the victim of sexual violence (11.7% and 1.5%; respectively). Adolescents with homosexual/bisexual sexual behavior reported that they used condoms less frequently (74.2%) than their heterosexual peers (48.6%, p < 0.001). In the correspondence analysis, three groups were found, one composed of adolescents with homosexual/bisexual behavior and experiencing risk factors; suffering sexual violence, never using a condom, suicidal thoughts, frequent cannabis use; another composed of occasional cannabis and condom users, who got drunk frequently, and adolescents with heterosexual behavior and none of the risk factors investigated. More of the risk factors were found in adolescents with homosexual/bisexual behavior compared with those with heterosexual behavior. Adolescents with homosexual/bisexual sexual behavior were more likely to talk about their positive personal experiences and negative relationship experiences that their heterosexual peers, but spoke less about religion. CONCLUSIONS : Not only should this issue be studied in more detail, but preventative actions aimed at adolescents with homosexual/bisexual behavior should be widened.
OBJETIVO : Analizar la relación entre comportamiento sexual y factores de riesgo para la salud física o mental entre adolescentes. MÉTODOS : Estudio realizado con 3.195 escolares de 15 a 19 años de edad, de segundo año de educación básica de escuelas públicas y particulares de las capitales de 10 estados de Brasil, en 2007-2008. Se utilizó muestreo por conglomerados con multifase de selección (escuelas y alumnos) en cada ciudad y red de educación pública y particular. Se aplicó cuestionario a todos los alumnos seleccionados, con los siguientes itens: sexo, edad, color de piel, estructura familiar, estrato social, red de educación y ciudad de residencia; comportamiento sexual; tener relación sexual con personas del mismo sexo, del sexo opuesto o de ambos sexos; uso de bebida alcohólica y marihuana; usar preservativo al tener sexo; presencia de experiencias sexuales traumáticas cuando era niño o adolescente; e ideas suicidas. El análisis incluyó descripción de frecuencias, prueba de Chi-cuadrado, análisis de correspondencia múltiple y de cluster. Se analizaron cualitativamente las respuestas a una pregunta libre en que el adolescente expresó comentarios generales sobre sí y su vida por medio de análisis de los contenidos manifestados. RESULTADOS : Cerca de 3,0% de los adolescentes manifesto tener pareja o tener sexo con personas del mismo sexo (homosexual) o de ambos sexos (bisexual) sin diferenciación de sexo, edad, color de piel, estrato social, estructura familiar y red de educación. Adolescentes con comportamiento homo/bisexual al compararse con los heterosexuales relataron (p<0,05): embriagarse (18,7% y 10,5%, respectivamente), uso frecuente de marihuana (6,1% y 2,1%, respectivamente), ideas suicidas (42,5% y 18,7%, respectivamente) y haber sido víctima de violencia sexual (11,7% y 1,5%, respectivamente). Adolescentes con comportamiento homo/bisexual relataron utilizar menos preservativo de forma frecuente (74,2%) en comparación con aquellos con comportamiento heterosexual (48,6%, p<0,001) Tres grupos fueron encontrados en el análisis de correspondencia: compuesto por adolescentes con comportamiento homo/bisexual y que experimentaron factores de riesgo: sufrir violencia sexual, nunca utilizar preservativo al tener sexo, ideas suicidas, uso frecuente de marihuana; compuesto por usuarios ocasionales de marihuana y preservativo y con frecuentes estados de embriaguez; adolescentes con comportamiento heterosexual y ausencia de los factores de riesgo investigados. Entre adolescentes con comportamiento sexual homo y bisexual, hubo más factores de riesgo estudiados al compararlos con aquellos que tuvieron esas prácticas de carácter heterosexual. Los adolescentes con comportamiento sexual homo y bisexual expusieron mas sus experiencias personales positivas y relaciones negativas en comparación con sus pares heterosexuales, sin embargo, expresaron menos sobre su vida religiosa. CONCLUSIONES : El tema no solamente debe ser más estudiado sino que también deben ampliarse las acciones preventivas dirigidas hacia los adolescentes con relaciones afectivo - sexuales homo/bisexuales.