Resumo Contexto Os estados pró-trombóticos têm sido associados a infecções virais. A nova infecção pela síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2) sabidamente eleva os níveis de D-dímero, embora a relação causal não tenha sido bem estabelecida. Objetivos Este estudo apresenta uma análise epidemiológica de episódios sintomáticos de tromboembolismo em um grupo de pacientes hospitalizados pela doença do novo coronavírus (COVID-19). Métodos Foi realizada uma revisão retrospectiva de prontuários de pacientes internados por COVID-19 que apresentaram trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar sintomáticas. Foram avaliados os dados demográficos, a prevalência de tromboembolismo, a variação do D-dímero ao longo do tempo, o manejo e os desfechos. Resultados Dos 484 casos confirmados de COVID-19 admitidos entre março e julho de 2020, 64 apresentaram sintomas de tromboembolismo, que foram investigados, e 13 tiveram tromboembolismo confirmado (2,68% do total e 20,31% dos sintomáticos). A maioria dos casos ocorreu em regime de terapia intensiva (76,92%). Houve um aumento significativo no número de pacientes com D-dímero acima de 3.000 ng/mL no dia atribuído ao diagnóstico de tromboembolismo com relação aos níveis do momento da admissão (80%, p < 0,05).Uma queda significativa de pacientes nesse limiar também foi observada no momento da alta (p < 0,05). Todos os pacientes receberam tromboprofilaxia ou anticoagulação conforme indicado. Houve dois óbitos na amostra, ambos pacientes com comorbidades severas. Ao fim do protocolo, nove pacientes receberam alta e dois permaneceram hospitalizados, mas sem sinais de piora. Conclusões A prevalência de tromboembolismo em pacientes hospitalizados por COVID-19 foi de 2,7%, sendo mais frequente em regime de terapia intensiva. A instituição precoce de profilaxia e anticoagulação imediata ao diagnóstico é primordial nesse grupo de pacientes.
Abstract Background Prothrombotic states have been associated with viral infections and the novel Sars-COV-2 infection has been associated with elevated D-dimer levels, although no causal relation has been clearly established. Objectives This study presents an epidemiological analysis of manifest VTE episodes in a group of patients hospitalized because of COVID-19. Methods Medical records of patients who presented symptomatic deep vein thrombosis and/or pulmonary embolism in concomitance with confirmed COVID-19 were retrospectively studied. Demographic characteristics, prevalence of VTE, site of occurrence, D-dimer variation over time, management, and outcomes were analyzed. Results During the study period, 484 confirmed cases of COVID-19 were admitted, 64 of which displayed VTE symptoms and 13 of which had confirmed symptomatic VTE(2.68% of total sample and 20.31% of symptomatic cases). Most cases (76.92%) occurred in intensive care. On the day attributed to VTE onset, D-dimer levels were over 3,000 ng/mL in 8 (80%) patients, a significant increase from baseline admission levels (p < 0.05). A significant decrease was also observed in D-dimer values at hospital discharge (p < 0.05). All patients received pharmacological thromboprophylaxis and/or anticoagulation as indicated. Two deaths occurred during the study, both patients with severe comorbidities. At the end of our study protocol, nine patients had been discharged and two remained hospitalized, but had no signs of VTE worsening. Conclusions VTE prevalence in hospitalized COVID-19 patients was 2.7%, and higher in intensive care units. Early institution of prophylaxis and immediate full anticoagulation when VTE is diagnosed should be the goals of those who treat this kind of patient.