Resumo Fundamentos: A depressão é uma condição clínica sindrômica subdiagnosticada em pacientes com insuficiência cardíaca. Uma variedade de instrumentos é atualmente aplicada no rastreamento da depressão. Objetivo: Determinar a prevalência da depressão e a concordância entre os métodos de rastreamento para depressão em pacientes com insuficiência cardíaca. Métodos: Estudo transversal realizado entre março de 2015 e janeiro de 2017 com 76 pacientes ambulatoriais acompanhados em uma clínica especializada de insuficiência cardíaca. A depressão foi rastreada pela Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D), pelo Inventário de Depressão de Beck-II (BDI-II) e pelo Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). A concordância entre os três instrumentos foi analisada pelo coeficiente kappa de Fleiss (kF), coeficiente alfa de Krippendorff (Ck) e coeficiente alfa de Cronbach. Foram calculadas a acurácia, sensibilidade, especificidade e as taxas de resultados falso-positivos e falso-negativos dos instrumentos HAM-D e PHQ-9, considerando o instrumento BDI-II como padrão-ouro no diagnóstico da depressão. Resultados: As prevalências de depressão foram de 72,4% (n = 55) pela escala HAM-D, 67,1% (n = 51) pela escala BDI-II e 40,8% (n = 31) pelo PHQ-9. A prevalência de depressão pelos três instrumentos simultaneamente foi de 28,9% (n = 22) e a concordância diagnóstica entre os três instrumentos (sobre a presença ou ausência de depressão) foi de 47,4% (n = 36). A análise revelou uma concordância superficial (kF = Ck = 0,27) e consistência moderada (↓C = 0,602, significativamente não nulo, p = 0,000). As variáveis sociodemográficas e clínicas não constituíram fatores de riscos para a depressão na amostra avaliada. Conclusão: Os métodos de rastreamento analisados apresentaram concordância e foram úteis na detecção da depressão entre pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca.
Abstract Background: Depression is a syndromic clinical condition underdiagnosed in patients with heart failure. Several instruments are currently applied to screen for depression. Objective: To determine the prevalence of depression and the agreement among screening methods for depression in patients with heart failure. Methods: Cross-sectional study conducted between March 2015 and January 2017 including 76 outpatients following up at a clinic specialized in heart failure. Depression was screened with the Hamilton Depression Rating Scale (HAM-D), Beck Depression Inventory-II (BDI-II), and Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). The agreement among the three instruments was analyzed with Fleiss’ kappa coefficient (kF), Krippendorff’s alpha coefficient (Ck) and Cronbach’s alpha coefficient. The accuracy, sensitivity, and specificity, as well as false-positive and false-negative results of the HAM-D and PHQ-9 were calculated considering the BDI-II as the gold-standard instrument in the diagnosis of depression. Results: The prevalence rates of depression were 72.4% (n = 55) with the HAM-D, 67.1% (n = 51) with the BDI-II, and 40.8% (n = 31) with the PHQ-9 scales. The prevalence of depression simultaneously identified by all three instruments was 28.9% (n = 22) and the diagnostic agreement (presence or absence of depression) was 47.4% (n = 36). The analysis revealed a superficial agreement (kF = Ck = 0.27) and moderate consistency ((↓C = 0.602, significantly not null, p = 0.000). Sociodemographic and clinical variables were not risk factors for depression in the evaluated sample. Conclusion: The screening methods analyzed showed agreement and were useful in detecting depression among outpatients with heart failure.