O baço pode aumentar de tamanho nas inflamações com repercussões sistêmicas e na congestão venosa crônica, denominando-se respectivamente, hiperplasia reacional e esplenomegalia congestiva. Sendo a doença de Chagas uma doença infecciosa com repercussões hemodinâmicas, possivelmente o baço responda não só ao envolvimento cardíaco, como também ao processo inflamatório. O objetivo deste trabalho é avaliar comparativamente o peso do baço em chagásicos ou não-chagásicos, com ou sem insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Em estudo retrospectivo foram coletados nos protocolos de necropsias de adultos, a idade, o sexo, a cor e o peso do baço. Os 88 casos selecionados foram divididos em quatro grupos: 1) chagásicos com ICC, 2) chagásicos sem ICC, 3) não-chagásicos com ICC e 4) não-chagásicos sem ICC. A idade média foi 44,9 ± 15,4 anos, sendo 53,4% brancos e 70,5% do sexo masculino, não havendo diferença significante destas variáveis entre os grupos. O peso do baço nos grupos com ICC foi de 183,7 ± 85,9g para os chagásicos e de 206,3 ± 101,0g para os não-chagásicos. Nos grupos sem ICC o peso foi de 173,7 ± 118,9g para os chagásicos e de 117,2 ± 52,0g para os não-chagásicos. O peso foi significantemente maior nos chagásicos sem ICC quando comparados aos não-chagásicos sem ICC. Estes resultados sugerem que o componente inflamatório na doença de Chagas desempenharia papel importante no aumento do peso do baço, associado às alterações hemodinâmicas decorrentes da ICC.
During the course of systemic inflammatory reactions and chronic venous congestion, the documented phenomenon of increased spleen size is respectively called reactional hyperplasia and congestive splenomegaly. In Chagas' disease, the inflammatory process observed in the heart of chronically infected patients can result in heart failure and ultimately in congestive failure. In order to evaluate the spleen response to both inflammatory and cardiac processes, in this retrospective study we compare the weight of spleens from normal and chagasic patients, with or without congestive failure. Information about patient age, sex, race and spleen weight was collected from autopsy reports. Eighty-eight selected cases were divided into four groups: 1) chagasic patients with congestive failure, 2) chagasic patients without congestive failure, 3) non-chagasic patients with congestive failure, 4) non-chagasic patients without congestive failure. The average age was 44.9 ± 15.4 years, 53.4% were Caucasians and 70.5% were males, and no significant difference in these parameters was observed between the four groups. The spleen weight for the groups presenting congestive failure was 183.7 ± 85.9g for chagasic and 206.3 ± 101.0g for non-chagasic patients; for the groups without congestive failure the average spleen weight was 173.7 ± 118.9g for the chagasic and 117.2 ± 52.0g for non-chagasic patients. The spleen weight was significantly higher for the chagasic patients without congestive failure when compared to the non-chagasic group without congestive failure. These results suggest that the inflammatory component in Chagas' disease plays an important role in the increase of spleen weight together with hemodynamic alterations arising from congestive heart failure.