O vírus da dengue (DENV), frequentemente envolvido em epidemias de grande proporção, e o vírus da febre amarela (YFV), responsável por surtos silvestres esporádicos, são considerados os flavivírus circulantes mais importantes no Brasil. Por este motivo, o diagnóstico laboratorial de doença febril aguda indiferenciada durante períodos epidêmicos é frequentemente direcionado para dengue e febre amarela no país, dificultando a detecção de outros arbovírus possivelmente circulantes, incluindo o vírus da encefalite de Saint Louis (SLEV), que é amplamente disperso nas Américas. O objetivo deste estudo foi investigar molecularmente a presença de 11 flavivírus no soro de 604 pacientes durante grande epidemia de dengue no estado de Mato Grosso (MT), Centro-Oeste do Brasil, entre 2011- 2012. Concomitantemente, 3.433 fêmeas de Culex spp. capturadas com aspirador de Nasci na cidade de Cuiabá, MT e alocadas em 409 pools com 1-10 mosquitos em 2013 foram testadas por multiplex seminested RT-PCR para os mesmos flavivírus. O SLEV foi detectado em três pacientes co-infectados com o DENV-4 das cidades de Cuiabá e Várzea Grande, MT. Um dos pacientes apresentava tripla co-infecção com DENV-1. Nenhum paciente referiu histórico recente de viagem ou acesso a áreas rurais/silvestres. Um pool contendo uma fêmea de Culex quinquefasciatus foi positivo para o SLEV, apresentando taxa de infecção mínima (MIR) de 0,29 por 1000 espécimes desta espécie. A análise filogenética indica que ambas as amostras formam um cluster com isolados do genótipo V-A do SLEV obtidos de animais na região amazônica do estado do Pará. Este é o primeiro relato de identificação molecular do SLEV no MT.
The dengue virus (DENV), which is frequently involved in large epidemics, and the yellow fever virus (YFV), which is responsible for sporadic sylvatic outbreaks, are considered the most important flaviviruses circulating in Brazil. Because of that, laboratorial diagnosis of acute undifferentiated febrile illness during epidemic periods is frequently directed towards these viruses, which may eventually hinder the detection of other circulating flaviviruses, including the Saint Louis encephalitis virus (SLEV), which is widely dispersed across the Americas. The aim of this study was to conduct a molecular investigation of 11 flaviviruses using 604 serum samples obtained from patients during a large dengue fever outbreak in the state of Mato Grosso (MT) between 2011 and 2012. Simultaneously, 3,433 female Culex spp. collected with Nasci aspirators in the city of Cuiabá, MT, in 2013, and allocated to 409 pools containing 1-10 mosquitoes, were also tested by multiplex semi-nested reverse transcription PCR for the same flaviviruses. SLEV was detected in three patients co-infected with DENV-4 from the cities of Cuiabá and Várzea Grande. One of them was a triple co-infection with DENV-1. None of them mentioned recent travel or access to sylvatic/rural regions, indicating that transmission might have occurred within the metropolitan area. Regarding mosquito samples, one pool containing one Culex quinquefasciatus female was positive for SLEV, with a minimum infection rate (MIR) of 0.29 per 1000 specimens of this species. Phylogenetic analysis indicates both human and mosquito SLEV cluster, with isolates from genotype V-A obtained from animals in the Amazon region, in the state of Pará. This is the first report of SLEV molecular identification in MT.