O artigo examina o impacto da criminalidade violenta sobre as condições de trabalho, saúde e segurança de trabalhadores, sem deixar de mencionar a situação dos usuários, do transporte coletivo de Salvador, Brasil. A investigação foi feita com base em entrevistas realizadas com 195 pessoas, entre elas trabalhadores, empresários, sindicalistas, agentes de fiscalização da frota de ônibus e policiais. Nos últimos dez anos, numa frota de 2.400 ônibus, operada por 10.151 rodoviários, ocorreram 20.572 assaltos, com morte de 67 pessoas e prejuízo computado de mais de um milhão de reais somente para as empresas. O perfil social típico dos agressores é de jovens pobres e desempregados, muitos sem antecedentes policiais, que buscam dinheiro rápido para atividades de lazer, principalmente. Analisou-se o assalto como um encontro perigoso que, além de lesões fatais e não fatais, produz medo, conflitos de identidade, tensões com os passageiros e conflitos trabalhistas referentes ao pagamento dos prejuízos. Foi avaliada também a eficiência das medidas de segurança policial, incluindo o emprego da força letal, mostrando-se a necessidade de medidas mais amplas, de curto, médio e longo prazo, para controlar a violência nos ambientes de trabalho.
This paper examines the impact of violent crime on working conditions, health, and security for bus drivers and ticket takers in the mass transportation system in Salvador, Bahia, Brazil. The research included 195 interviews with workers, labor union officials, passengers, management, and police. In the last ten years there have been 20,572 robberies in a fleet of 2,400 buses operated by 10,151 workers, with 67 deaths and more than US$500,000 in company losses. Perpetrators are typically poor, unemployed youths, the majority of whom first offenders, seeking easy money primarily for leisure pursuits. The average "take" from such robberies is minimal. The authors observed a pattern of bus robberies as a psychological power game which, for bus workers, apart from physical injuries and fatalities, generates fear, identity conflicts, tense relations with passengers, and labor conflicts involving the recovery of stolen fares and worker and passenger security issues. The article also outlines and evaluates the efficiency of security measures including the use of lethal force by police.