RESUMONo contexto da gestão financeira de uma organização, existem padrões comportamentais que podem enviesar o processo de tomada de decisões, fazendo que o gestor financeiro não consiga atingir seu objetivo de maximização de valor em atividades ligadas às decisões financeiras, principalmente àquelas relacionadas a investimentos. Um desses vieses é denominado de status quo. De acordo com Samuelson e Zeckhauser (1988), esse viés indica que os indivíduos tendem a manter o estado atual de seu portfólio e têm dificuldades em mudar de posição patrimonial. Esta pesquisa procura verificar se existe relação entre o viés do status quo, o perfil de risco e a habilidade quantitativa, em estudantes de pós-graduação em Economia, Contabilidade e Gestão. Para essa finalidade, realizou-se uma pesquisa com 330 estudantes de pós-graduação da Universidade do Porto (Portugal) e da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil). Para o cálculo e apresentação dos indicadores que apontam para a presença do status quo, a metodologia utilizada foi baseada em Samuelson e Zeckhauser (1988). Além disso, realizaram-se análises de regressão para buscar uma relação entre o perfil de risco dos participantes e o status quo, incluindo variáveis de controle. Os resultados mostraram que os respondentes propensos ao risco parecem não ter sido afetados pelo viés do status quo em suas decisões, diferentemente dos demais. Quanto aos participantes que estudaram finanças comportamentais previamente nos cursos de licenciatura e/ou graduação (uma proxy para o conhecimento prévio do viés estudado), verificou-se, em média, um aumento de respostas nas opções alternativas ao status quo. No entanto, a presença do viés ainda foi predominante no total de respostas obtidas. Isso mostra que os respondentes que haviam estudado finanças comportamentais optaram mais por opções alternativas do que os outros, porém, mesmo esses indivíduos apresentaram o viés do status quo. Dessa forma, enfatiza-se a importância de compreender a influência de vieses comportamentais nas tomadas de decisões, pois eles podem comprometer decisões importantes dentro de uma organização.
ABSTRACTIn the context of the financial management of an organization, there are behavioral patterns that can bias the decision-making process, making the financial manager unable to achieve his/her goal of maximizing value in activities related to financial decisions, particularly those related to investments. One of these biases is called status quo. According to Samuelson and Zeckhauser (1988), this bias indicates that individuals tend to maintain the current state of their portfolio and have difficulty in changing their financial position. This research examined whether there is a relationship between status quo bias, risk profile and quantitative skills in graduate studentsof economics, accounting, and management. For this purpose, a survey was conducted through questionnaires administered to 330 graduate students at the University of Porto (Portugal) and Federal University of Santa Catarina (Brazil). For the calculation and presentation of indicators that point to the presence of the status quo bias the methodology used was based on Samuelson and Zeckhauser (1988). In addition, a regression analysis was conducted to find a relationship between the risk profile of the participants and the status quo bias, including some control variables. The results showed that risk-seeker respondents seem to have been less affected by the status quo bias in their decisions, unlike the others. As for the participants who have studied behavioral finance in their undergraduate courses (a proxy for prior knowledge of the studied bias), it was found, on average, an increase of answers on alternatives to the status quo. However, the presence of the status quo bias was still dominant in the total responses. This shows that respondents who had studied behavioral finance opted for alternative options more than other respondents, but, even these individuals showed the status quo bias. Thus, we emphasize the importance of understanding the influence of behavioral biases in decision making, because these biases may impair important decisions within an organization.
RESUMENEn el contexto de la gestión financiera de una organización, hay estándares de comportamiento que pueden sesgar el proceso de toma de decisiones, lo que lleva al gerente financiero a no lograr su objetivo de maximizar el valor de las actividades asociadas con las decisiones financieras, principalmente las relacionadas con inversiones. Uno de esos sesgos es denominado de status quo. Según Samuelson y Zeckhauser (1988), este sesgo indica que los individuos tienden a mantener el estado actual de su portafolio y tienen dificultades para cambiar su situación patrimonial. Esta investigación pretende determinar si existe una relación entre el sesgo del statu quo, el perfil de riesgo y habilidades cuantitativas en estudiantes de postgrado en Economía, Contabilidad y Gestión. Para este propósito, se realizó una encuesta a través de cuestionarios aplicados a 330 estudiantes de postgrado de la Universidad de Porto (Portugal) y de la Universidad Federal de Santa Catarina (Brasil). Para el cálculo y la presentación de los indicadores, que apuntan la presencia del status quo, se utilizó la metodología de Samuelson y Zeckhauser (1988). Además, se realizaron análisis de regresión para buscar una relación entre el perfil de riesgo de los participantes y el status quo, incluyendo algunas variables de control. Los resultados mostraron que los encuestados con predisposición al riesgo parecen no haber sido afectados por el sesgo del status quo en sus decisiones, a diferencia de los demás. En relación a los alumnos que previamente estudiaron finanzas comportamentales en las materias de licenciatura y/o graduación (un proxy para el conocimiento previo del sesgo estudiado) se observó, en promedio, un aumento de la respuesta a las opciones alternativas al status quo. Sin embargo, la presencia del sesgo de status quo era todavía predominante en el total de las respuestas obtenidas. Esto muestra que los encuestados que habían estudiado las finanzas comportamentales optaron más por opciones alternativas que los otros encuestados, no obstante, incluso estos individuos presentaron el sesgo del statu quo. Por lo tanto, se enfatiza la importancia de comprender la influencia de los sesgos de comportamiento en la toma de decisiones, ya que estos sesgos pueden afectar decisiones importantes dentro de una organización.