Com base em pesquisa institucional, interessada em investigar as relações entre leitura, escrita e mídia, focalizamos neste texto a experiência contemporânea de leitura de jovens estudantes do Ensino Médio de escolas públicas e particulares do Estado do Rio de Janeiro, colocando em xeque o discurso normalmente veiculado pela escola que os representa como não leitores. O apoio teórico-metodológico da História Cultural e dos Estudos Culturais Latino-Americanos vem nos permitindo entrever, por intermédio de estudos de cunho etnográfico, que o diagnóstico de não leitores aplicado aos jovens refere-se ao seu não submetimento à concepção de leitura mantida intacta pela tradição escolar iluminista que valoriza o livro como único suporte possível de leitura e os clássicos como os mediadores privilegiados da formação do leitor. O contato com os estudantes, seja por meio de observações, seja nas entrevistas e oficinas, tem permitido estranhar este diagnóstico. O que temos percebido é que a relação cotidiana, cada vez mais intensa, dos jovens tanto com as mídias de função massiva, como TV e cinema, quanto com as mídias de função pós-massiva, como internet e suas diversas ferramentas, como blogs, orkut, msn, os aproxima da leitura, embora essa aproximação ocorra por intermédio de preferências, e de práticas, diversas das valorizadas pela escola. O presente artigo reflete sobre esses achados, entendendo que eles poderiam ser relevantes ao delineamento de políticas e práticas curriculares concernentes à leitura de jovens estudantes.
Based on institutional research, interested in investigate the relations between reading, writing and media, we focus in this text the contemporary experience on reading of young students of Secondary Education in public and private schools of the State of Rio de Janeiro, bringing into question the speech normally propagated by the school which represents them as non-readers. The theoretical and methodological support of the Cultural History and the Latin-American Studies allows perceiving that this diagnosis refers to their refusal of submitting themselves to the conception of reading maintained intact by school's illuminist tradition, which emphasizes the book as the sole reading support and the classics as the privileged mediators of reader's formation. The contact with students, either through observations, either in interviews and workshops, has allowed a surprising diagnosis. What we realized is that the daily contact, unceasingly intense, of young people with the mass media function, such as TV and film, as with the post-mass media function, such as internet and its various tools, such as blogs, orkut, msn, keeps them closer to the reading, although this approach occurs through preferences and practices different from those valued by school. This paper reflects on these findings, arguing that they could be relevant to the design of curricular policies and practices concerning to the reading of young students.