RESUMO Seja na pré-gravidez, na gravidez, no nascimento, seja nos períodos pós-natal e neonatal, as práticas das parteiras são sustentadas pelo humanismo. Entretanto, na atual era de pós-modernidade, há uma necessidade cada vez maior de reumanização. Este artigo adota uma abordagem autoetnográfica, a fim de realizar análise reflexiva sobre a humanização do nascimento baseada na prática da obstetrícia em dois contextos diferentes: Quebec (Canadá) e Chile. À luz da evolução da profissão nestes dois países e da influência das políticas de saúde e dos movimentos sociais, existem fatores, como o uso sistemático da tecnologia e a hipermedicalização dos processos reprodutivos, que estão mantendo as mulheres desinformadas e impedindo-as de participar de seu processo de maternidade. A autonomia e o empoderamento das mulheres tornam-se um elemento-chave para sua participação nas decisões relativas à sua maternidade, métodos de assistência ou tipo de cuidado. Ao mesmo tempo, a autonomia das parteiras é um requisito para o pleno exercício de seu papel de apoio e assistência às mulheres nesta reapropriação de seu poder, por meio de uma abordagem abrangente, que leve em conta tanto aspectos psicológicos e sociais quanto biomédicos.
ABSTRACT Whether in pre-pregnancy, pregnancy, birth and/or the postnatal and neonatal periods, midwives’ practices are underpinned by humanism. However, in this era of postmodernity, there is an ever-growing need for rehumanization. This article adopts an auto-ethnographic approach in order to undertake a reflective analysis on the humanization of birth based on the practice of midwifery in two different contexts, namely Quebec (Canada) and Chile. In light of the evolution of the profession in these two countries, and the influence of health policies and social movements, there are factors such as the systematic use of technology and the hypermedicalization of reproductive processes which are maintaining women’s ignorance and keeping them from being able to participate in their maternity process. Women’s autonomy and empowerment become a key element for their participation in decisions regarding their maternity, assistance methods, or type of care. Concurrently, midwives’ autonomy is a prerequisite for fully exercising their role in supporting and assisting women in this re-appropriation of their power by means of a comprehensive approach that takes into account psychological and social aspects as well as biomedical ones.