Resumo O presente artigo parte de nossas experiências clínicas e acadêmicas em torno das masculinidades. Enquanto homem cis, branco, heterossexual, psicólogo clínico, e enquanto homem cis, branco, homossexual e professor universitário, temos sido tomados e tocados de diversos modos em nossas respectivas trajetórias pessoais, clínicas e acadêmicas pelo que nos toca e nos acontece. Afinal, quais os efeitos das masculinidades em nossa constituição subjetiva enquanto homens em nossas práticas cotidianas? Inspirando-nos em diferentes campos teóricos e disciplinares, e adotando o estudo de caso como ferramenta metodológica, tomamos as masculinidades como um dispositivo ideológico-político forjado a partir de complexas dinâmicas de poder de gênero. Para o presente artigo, em diálogo tanto com o campo de estudos das masculinidades bem como com as produções da psicanálise de inspiração lacaniana, partindo da experiência clínica do primeiro autor, tomamos o caso “P.” como um tipo ideal para pensar como as normas de gênero moldam as identidades e experiências dos homens, com efeitos tanto nas dimensões subjetivas quanto intersubjetivas.
Abstract This article is based on our clinical and academic experiences around masculinities. As a cis, white, heterosexual man, clinical psychologist, and as a cis, white, homosexual man and university professor, we have been taken and touched in different ways in our respective personal, clinical and academic trajectories by what touches us and happens to us. After all, what are the effects of masculinities on our subjective constitution as men in our daily practices? Drawing inspiration from different theoretical and disciplinary fields, and adopting the case study as a methodological tool, we take masculinities as an ideological-political device forged from complex dynamics of gender power. To this article, in dialogue with both the field of masculinity studies as well as with the productions of Lacanian-inspired psychoanalysis, based on the clinical experience of the first author, we take the “P.” case as an ideal type to think about how norms of gender shapes men's identities and experiences, with effects on both subjective and intersubjective dimensions.