Resumo A encefalopatia/encefalite ligeira com lesão reversível do corpo caloso é uma entidade clínico-radiológica benigna rara, caracterizada por sintomas neurológicos inespecíficos associados a achados imagiológicos, em ressonância magnética, de lesão do corpo caloso. De etiopatogénese desconhecida, têm sido sugeridos vários desencadeadores (infeções, alterações metabólicas, fármacos, entre outros). Apresenta-se o caso de um homem de 44 anos, previamente saudável, admitido na urgência com quadro súbito de cefaleias, ataxia, mioclonias da face e disartria, em contexto de síndrome gripal. Após diagnóstico presuntivo de encefalite vírica iniciou aciclovir empiricamente, suspenso após ressonância magnética revelando lesões no corpo caloso. O doente evoluiu favoravelmente sem terapêutica dirigida, com resolução clínica em menos de uma semana e controlo imagiológico, aos dois meses, normal. Esta entidade, que exige diagnóstico diferencial entre condições benignas e outras, de pior prognóstico, é habitualmente diagnosticada por exclusão, não exige terapêutica dirigida e apresenta, quase universalmente, um desfecho favorável.
Abstract Mild encephalitis/encephalopathy with reversible splenial lesion is a rare benign clinical-radiological entity, characterized by nonspecific neurological symptoms associated with imagiological findings of corpus callosum lesion in magnetic resonance. Of unknown etiopathogenesis, several triggers have been suggested (infections, metabolic disturbances, drugs, among others). We present the case of a healthy 44-year-old man, admitted at the emergency department with sudden-onset headache, ataxia, facial myoclonus and dysarthria, in a context of flu-like syndrome. After presumptive diagnosis of viral encephalitis, he empirically initiated intravenous acyclovir which was suspended after magnetic resonance imaging disclosed corpus callosum lesions. The patient’s condition favourably evolved without specific therapy, with clinical resolution in less than a week and a normal magnetic resonance at two months. This entity, which requires differential diagnosis between benign conditions and others with worse prognosis, is usually diagnosed by exclusion, does not require targeted therapy and has an almost universally good outcome.