FUNDAMENTOS: O tratamento da hanseníase é definido pela classificação de pacientes em paucibacilares (PB) e multibacilares (MB). A OMS (Organização Mundial de Saúde) classifica os doentes de acordo com o número de lesões, mas Ridley-Jopling (R&J) utiliza também exames complementares, porém é de difícil utilização fora dos serviços de referência. Em 2003 foi desenvolvido um teste denominado ML-Flow, uma alternativa à sorologia por ELISA para auxiliar na classificação de pacientes em PB e MB e auxiliar na decisão terapêutica. OBJETIVOS: Observar a concordância entre o teste de ML-Flow e baciloscopia de linfa, exame já consagrado para detecção de MB. Analisar a utilidade do teste de ML-Flow em campo. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospectivo avaliando prontuário de 55 pacientes virgens de tratamento, diagnosticados como PB ou MB por R&J. Submetidos à baciloscopia e ao teste de ML-Flow. RESULTADOS: Nos MB, a baciloscopia foi positiva em 80% dos casos, o ML-flow foi positivo em 82,5%. Entre os PB, o ML-Flow foi positivo em 37,5% e a baciloscopia do esfregaço foi negativa em 100% dos casos. A concordância entre os resultados da baciloscopia do esfregaço e ML-Flow foi de 87,5%, kappa=0,59, p<0,001. CONCLUSÃO: Nenhum teste laboratorial é 100% sensível e específico para a correta classificação de todas as formas de hanseníase. O ML-Flow é um teste rápido, de fácil manuseio em campo, menos invasivo que a baciloscopia podendo ser útil para auxiliar na decisão terapêutica em locais de difícil acesso a serviços de referência.
BACKGROUND: The treatment of leprosy is defined by the classification of patients as paucibacillary (PB) or multibacillary (MB). The WHO (World Health Organization) classifies patients according to the number of lesions, but Ridley-Jopling (R & J) also uses complementary exams, which are difficult to use outside reference services. In 2003, a test called ML-Flow, an alternative to Elisa serology, was developed to help classify patients as PB or MB and decide about their treatment. OBJECTIVES: To assess the agreement between the ML-Flow test and slit skin smears, already largely used for MB detection, and to observe the efficacy of the ML-Flow test in the field. MATERIAL AND METHODS: A retrospective study evaluating the medical records of 55 patients who had not undergone previous treatment, diagnosed as PB or MB according to R & J and subjected to slit skin smears and the ML- Flow test. RESULTS: In MB patients, slit skin smears were positive in 80% of the cases, the ML-flow was positive in 82.5%. Among PB patients, the ML-Flow was positive in 37.5% and slit skin smears were negative in 100% of the cases. The agreement between skin smear and ML-Flow results was 87.5%, with a kappa value of 0.59, p <0.001. CONCLUSION: No laboratory test is 100% sensitive and specific for the correct classification of all forms of leprosy. The ML-Flow test is faster, easier to use, and less invasive than slit skin smears and therefore may be useful when making therapeutic decisions in areas of difficult access to reference services.