O objetivo deste estudo foi descrever a evolução clínica de uma criança do gênero feminino, nove anos de idade, com diagnóstico de Distúrbio Específico da Linguagem atendida na Clínica de Linguagem Infantil da FOB-USP. Realizou-se acompanhamento longitudinal, por meio de análise de prontuário e filmagens. A intervenção fonoaudiológica iniciou quando a criança apresentava cinco anos com queixa de alterações fonológicas e prejuízos na inteligibilidade de fala. Constatou-se processos fonológicos não mais esperados para a idade, alterações semântico-lexicais, sintáticas, pragmáticas, e em processos perceptivos auditivos, estando a linguagem receptiva preservada. A intervenção teve como principal objetivo a organização dos subsistemas linguísticos principalmente da habilidade de processamento de informações. Após um ano, houve evolução dos aspectos trabalhados, exceto do aspecto fonológico, que teve evolução menos significante. Atividades direcionadas a linguagem escrita foram inseridas quando a criança iniciou o ensino fundamental. Após 42 meses de intervenção, houve evolução do aspecto fonológico. Entretanto, esta evolução ainda não é observada na fala espontânea. As alterações neste aspecto exercem grande influência no desempenho da linguagem escrita. A habilidade de consciência fonológica está adequada, entretanto, há dificuldade na conversão fonema/grafema, resultando em desempenho aquém do esperado na linguagem escrita. Ainda, há comprometimento no processamento da informação linguística, além de persistência nas alterações, que acarretam defasagens no processo de alfabetização. Acreditamos que para conduzir o processo terapêutico é necessário compreender a natureza das dificuldades linguísticas, desenvolvendo estratégias específicas voltadas principalmente ao processamento da informação linguística e a aprendizagem, proporcionando habilidades e capacitando o indivíduo para a participação ativa em ambientes sociais e escolares.
The aim of this study was to describe the clinical course of a nine years girl diagnosed with SLI attended the Clinic of Child Language, FOB-USP. Longitudinal carried out was realized, through analysis of medical records and filming. The speech and language therapy began when the child was five years and presented the initial complaint of phonological alterations and impairments in the speech intelligibility. It was found phonological processes not expected for age, alterations in semantic, syntactic and pragmatic and in auditory perceptual processes. The receptive language was preserved. The intervention focused on the organization of linguistics subsystems, mainly the information processing skills. After 12 months, there was evolution of the aspects, except the phonological, with less significant evolution. Activities directed to written language were included when the child started primary school. After 42 months of intervention, there was evolution of phonological aspect. However, this evolution is not observed in spontaneous speech. Alterations in these aspects exert great influence on the performance of written language. The phonological awareness skill is adequate, however, there is difficulty in converting phoneme/grapheme, resulting in performance very short in written language. There is impairment in the linguistic information processing, and persisting alterations, common in the frames of SLI, which lead to gaps in the literacy process. To conduct the therapeutic process is necessary to understand the nature of language difficulties, developing specific strategies geared mainly to linguistic information processing and learning, providing skills and empowering the individual to active participation in school and social settings.