Este artigo discute a compreensão que Niklas Luhmann tem de complexidade, sua função na teoria e os diferentes modos de sua utilização. Parte-se da mudança paradigmática que ocorreu no campo da Ciência em geral, com a ruptura do modelo newtoniano. No século XX, o paradigma da ordem, da simetria, da regularidade, da regulação do intelecto às coisas, entra em crise. A partir de novas formulações da Física, da Química, etc. ergue-se um novo universo sobre bases radicalmente opostas às da Ciência moderna. Há a reabilitação do caos, da irreversibilidade processual, do indeterminismo, do observador e da complexidade. Este novo ambiente conceitual serviu de substrato para a reflexão teórica de Niklas Luhmann. Através da Teoria dos Sistemas Sociais, ele propõe a redução da complexidade do mundo. Sistemas sociais têm como função a redução da complexidade pela sua diferença com relação ao entorno. Ao reduzir complexidade, por outro lado, ele também constrói sua própria complexidade. Luhmann define complexidade quando já não é possível que cada elemento se relacione em qualquer momento com todos os demais. Complexidade obriga a seleção, que significa contingência e risco. Luhmann aprofunda o conceito de complexidade ao introduzir a figura do observador e da distinção complexidade como unidade de uma multiplicidade. Luhmann trata ainda do limite de conexões de relações, do fator tempo, da auto-referência das operações e da representação da complexidade na forma de sentido. Por fim, o artigo trata da complexidade no sistema da ciência, o modo como este reduz complexidade interna e externa, segundo uma base operativa própria.
This article discusses Niklas Luhmann's understanding of complexity, its role in theory, and the different ways for its use. It starts from a paradigmatic change that took place in the field of Science in general after the rupture of the Newtonian model. In the 20th century, the paradigm of order, symmetry, regularity, and regulation of the intellect over things enters a crisis. After new formulation in Physics, Chemistry, etc, a new universe emerges over the bases radically opposed to those of modern Science. There is rehabilitation of chaos, process irreversibility, indeterminism, the observer, and complexity. That new conceptual environment served as the substrate for Niklas Luhmann's theoretical reflection. Through the Theory of the Social systems, the author proposes the reduction of the world's complexity. The role of social systems is to reduce complexity by its difference regarding the surroundings. By reducing complexity, on the other hand, he also builds his own complexity. Luhmann sees complexity when it is no longer possible that each element relates in any moment to all others. Complexity forces selection, which means contingency and risk. Luhmann further discusses the concept of complexity by introducing the figure of the observer and the distinction of complexity as the unity of a multiplicity. He also deals with the limit of relationship connections, the time factor, self-reference of the operations, and representation of complexity as meaning. Finally, the article deals with complexity in the system of science, the way it reduced internal and external complexity according to its own operative basis.