This article aims to bring visibility to the use of humor as a mechanism of structural racism and the marks left on the body-territory of black adolescent girls who are students in a public school in the city of Governador Valadares, MG. The study draws on authors who discuss race and black feminist authors, conceptually operating with recreational racism, intersectionality, and body-territory. Empirical material was produced in thematic workshops, and the narratives brought by the 12 students participating in the research were analyzed through episodic analysis. The narrated episodes denounce the marks on the body-territory of these adolescents, as well as the naturalization of race and gender oppression, instrumentalized by recreational racism that appears in daily school life. This presence creates and reaffirms stereotypes about the category "black woman", provokes desires to stay away from school to avoid being the target of "jokes" and/or "pranks", and questioning their own humanity, reflecting if their appearances resemble the animals used to "insult" them. The adolescents denounce the silencing of the school in the face of this type of "humor", putting pressure on its naturalization and challenging us, as educators, to take a stance against these silences that engender exclusions and the naturalization of racism, among other mechanisms, disguised as humor but need to be named as recreational racism.
O objetivo deste artigo é trazer à visibilidade a utilização do humor como mecanismo do racismo estrutural e as marcas deixadas nos corpos-território de adolescentes negras, estudantes da educação básica de uma escola pública da cidade de Governador Valadares — MG. O estudo apoiou-se em autores que discutem raça e autoras do feminismo negro, operando conceitualmente com racismo recreativo, interseccionalidade e corpo-território. O material empírico foi produzido em oficinas temáticas e as narrativas trazidas pelas 12 estudantes, participantes da pesquisa, foram analisadas por meio da análise episódica. Os episódios narrados denunciam as marcas nos corpos-território dessas adolescentes, assim como a naturalização de opressões de raça e gênero, instrumentalizadas pelo racismo recreativo que comparece no cotidiano escolar. Esse comparecimento cria e reafirma estereótipos sobre a categoria “mulher negra”, provoca desejos de afastamento da escola para não serem alvo de “piadas” e/ou “brincadeiras”, e questionamentos sobre sua própria humanidade, ao refletirem se suas aparências se assemelham aos animais utilizados para “xingá-las”. As adolescentes denunciam os silenciamentos da escola frente a esse tipo de “humor”, tensionando a sua naturalização e nos provocam, como educadores/as, a posicionarmos contra esses silenciamentos que engendram exclusões e a naturalização do racismo, entre outros mecanismos, os disfarçados de humor, mas que precisam ser nomeados como racismo recreativo.