INTRODUÇÃO: Pesquisas de novas substâncias com finalidades terapêuticas têm sido realizadas procurando isolar, extrair ou purificar novos compostos de origem vegetal. A Passiflora edulis (maracujá), espécie pertencente à família Passifloracea, originária das regiões tropicais e subtropicais do continente americano, é popularmente usada como sedativo, analgésico e antinflamatório e no tratamento de lesões cutâneas, feridas e erisipelas. OBJETIVO: Avaliar a cicatrização de anastomoses colônicas em ratos, que receberam extrato hidroalcoólico de Passiflora edulis no trans-operatório. MÉTODOS: Foram utilizados 40 ratos Wistar, distribuídos em dois grupos de 20 animais cada, denominados: grupo Passiflora (GP) e grupo controle (GC). Os ratos de cada grupo foram separados em dois subgrupos de 10 animais cada, avaliados no 3º e 7º dia do pós-operatório. O procedimento cirúrgico constou de secção da alça colônica esquerda, 5cm acima da reflexão peritoneal com preservação da arcada vascular e anastomose término-terminal em plano único. O grupo Passiflora recebeu dose única intraperitoneal do extrato hidroalcoólico de Passiflora edulis na dose de 250 mg/Kg. O grupo controle recebeu dose única de solução salina intraperitoneal em volume igual ao GP. Os parâmetros avaliados foram: aspectos macroscópicos da parede e cavidade abdominal, aderências perianastomóticas, pressão de ruptura à insuflação de ar, reação inflamatória tecidual da anastomose que constou de polimorfonucleares, monomorfonucleares e proliferação fibroblástica. RESULTADOS: Os aspectos macroscópicos não apresentaram diferenças significantes entre os grupos. Não ocorreu nenhuma deiscência de anastomose nos grupos estudados. Com relação à pressão de ruptura à insuflação de ar, observou-se que a média foi significantemente maior no subgrupo que recebeu o extrato de Passiflora no 3º dia (P3), cuja pressão foi 42,6 ± 17,8 mmHg em comparação ao subgrupo controle (C3), cuja pressão foi 25,4 ± 14,1 mmHg, p=0,028. O mesmo não ocorreu no 7º dia, onde o subgrupo C7 apresentou pressão de ruptura de 187,3 ± 39,5 mmHg, enquanto o subgrupo P7, apresentou pressão de ruptura de 203,0 ± 50,0 mmHg, p=0,447. Na análise histológica, os polimorfonucleares foram mais freqüentes no subgrupo C3, em comparação ao subgrupo P3, com diferença significante (p=0,034). Os monomorfonucleares (MMN) e proliferação fibroblástica foram mais freqüentes no subgrupo P3, com diferença significante, onde p=0,02 para MMN, e p=0,001 para proliferação fibroblástica. No 7º dia, houve diferença significante em todas as variáveis histológicas coradas pela hematoxilina-eosina e Tricômico de Masson (p<0,05) no subgrupo que recebeu o extrato de Passiflora. CONCLUSÃO: A administração peroperatória do extrato hidroalcoólico de Passiflora edulis influencia de forma significante na cicatrização das anastomoses colônicas em ratos.
INTRODUCTION: Investigation of new substances with therapeutic effects have been done trying to isolate, extract or purify new compounds of vegetable origin. The Passiflora edulis (maracujá) species from the Plassifloracia family, originated from the tropical and subtropical regions of the american continent, is found all over Brazil. It is commonly used as a sedative, painkiller and anti-inflammatory drug and also for the treatment of skin wounds, lesions and Erisipelae. PURPOSE: To evaluate the wound healing in colonic anastomosis in rats that received an hydro-alcoholic extract of Passiflora edulis peri-operatively. METHOD: 40 wistar rats were used distributed into two groups of 20 rats each, named: Passiflora edulis group (GP) and control group (GC). The rats of each group were separated into two subgroups of 10 animals each and were evaluated on the 3rd and 7th postoperative days. The surgical procedure consisted of a section of the left colon, 5 cm above the peritoneal reflexion with preservation of the vascular elements. Intestinal continuity was restored by an end-to-end single layer anastomosis. The Passiflora edulis group received an intraperitoneal application of the hydro-alcoholic extract in the dosage of 250 mg/kg. The control-group received one intraperitoneal dose of a saline with the same volume of the GP. The parameters evaluated were: macroscopic aspects of the wall and abdominal cavity, perianastomotic (adherences), bursting pressure, inflammatory tissue reaction on the anastomotic wound. RESULTS: The macroscopic aspects did not differ between the groups. No rupture in the anastomotic wound was seen in any rat. Regarding the bursting pressure, it was noticed that the average pressure was significantly higher in the subgroup that received the Passiflora edulis extract on the 3rd day (P3) (42,6 ± 17,8 mmHg vs. 25,4 ± 14,1 mmHg, p=0,028), as compared to the control sub-group (C3). However, on the 7th day, bursting pressure was similar in both groups (p=0.447). Rats from the C7 sub-group had a mean bursting pressure of 203,0 ± 50,0 mmHg vs. 187,3 ± 39,5 mmHg in the C7 sub-group. In the histologic analysis the polimorphic nuclear cells were more frequent in the C3 group, with significant differences (p=0,034). The monomorphic nuclear cells (MMN) and the fibrobastic proliferation were more frequent in the P3 sub-group with a significant difference, p=0,02 to MMN, and p=0,001 to the fibroblastic proliferation. On the 7th day there was a significant difference in all histologic criteria stained by hematoxin-eosin and Masson Trichomic (p<0,05) in the sub-group that received the Passiflora edulis extracts. CONCLUSION: The peri-operative administration of the hydro-alcoholic extract of Passiflora edulis has a positive influence on the healing of colonic anastomosis in rats.