O artigo versa sobre a teoria da modernização reflexiva de Ulrich Beck, considerando a sua recente expansão com a tese de uma sociedade global do risco. Dois elementos são analisados: a noção de risco como categoria sociológica e a relação entre os conceitos de modernidade e de reflexividade. Quanto ao primeiro, levanta-se a questão sobre a reivindicada centralidade do conceito "risco" como categoria sociológica e sobre o alcance de uma teoria sociológica sobre risco. Quanto ao segundo, argumenta-se que a teoria de Beck possui as seguintes limitações: uso de explicações causais mecânicas e deterministas para restringir a discussão a sociedades altamente industrializadas; explicações essencialistas sobre a relação entre risco e cultura. Como alternativa, propõem-se cinco premissas para pesquisas sociológicas que sejam aplicáveis a sociedades não europeias, utilizando-se o exemplo de novas tecnologias.
The article discusses the Ulrich Beck’s theory of reflexive modernization, considering its recent expansion with the thesis of a world risk society. Two elements are analyzed: (i) the notion of risk as a sociological category, and (ii) the relationship between the concepts of modernity and reflexivity. As for the first, the article puts under scrutiny the claimed centrality of the concept of risk as a sociological theory and the scope of a sociological theory about risk. In relation to the second, it argues that Beck’s theory has some limitations: the use of mechanical and deterministic causal explanations, such as those of restricting the thematization of risks to highly industrialized societies, as well as essentialist explanations on the relationship between risk and culture. As an alternative approach, using the example of the new technologies, it suggests five assumptions that should guide sociological research on the subject of thematization of risk, which would be applicable to non-European societies.
L’article aborde la théorie de la modernisation réflexive d’Ulrich Beck, compte tenu de sa récente diffusion grâce à la thèse d’une société globale du risque. Deux éléments sont analysés: la notion de risque comme catégorie sociologique et la relation entre les concepts de modernité et de réflexivité. Par rapport au premier élément, une question s’est posée à propos de la centralité revendiquée de la notion de "risque" en tant que catégorie sociologique et de la portée d’une théorie sociologique sur le risque. Par rapport au second, nous soutenons que la théorie de Beck présente les limitations suivantes: l’utilisation d’un traitement mécanique et déterministe des explications causales telles que la restriction de la thématisation des risques pour les sociétés fortement industrialisées; les explications essentialistes sur la relation entre le risque et la culture. Alternativement, nous proposons cinq hypothèses de recherches sociologiques sur la thématisation du risque qui sont applicables aux sociétés non-européennes, en utilisant des exemples issus des débats sur les nouvelles technologies dans ses sociétés.