OBJETIVO: Avaliar as alterações auditivas periféricas em um grupo de trabalhadores exposto a inseticidas, organofosforados e piretróides, utilizados em campanhas de controle de vetores. MÉTODOS: Estudo de prevalência de uma população de 98 indivíduos que pulverizavam venenos nas campanhas de prevenção do dengue, da febre amarela e da doença de Chagas. A amostra foi de tipo finalística, considerando o universo dos trabalhadores de um distrito sanitário, em Pernambuco, no ano de 2000. Utilizou-se questionário contendo questões de identificação de riscos ocupacional e não ocupacional, medidas de segurança utilizadas, antecedentes de problemas auditivos e sintomas referidos. Foi investigada a historia pregressa de exposição ao ruído, por ser um fator de confusão para a perda auditiva. Todos os indivíduos foram avaliados pelo teste de audiometria tonal. RESULTADOS: Dos expostos apenas aos inseticidas, 63,8% apresentaram perda auditiva. Para o grupo com exposição concomitantemente aos inseticidas e ao ruído, a perda auditiva foi de 66,7%. O tempo mediano para o desenvolvimento de alterações auditivas nas freqüências médias altas, para as exposições combinadas de inseticidas e ruído, foi de 3,4 anos e para as exposições apenas aos inseticidas foi de 7,3 anos. A perda auditiva para as exposições concomitantes aos dois fatores foi de maior intensidade nessas freqüências, do que o observado na exposição apenas aos inseticidas. CONCLUSÕES: Há evidência de que a exposição aos inseticidas induz dano auditivo periférico e que o ruído é um fator que interage com os inseticidas, potencializando seus efeitos ototóxicos. Faz-se necessário avaliar essa possível associação através de estudos epidemiológicos de caráter analítico.
OBJECTIVE: To examine the peripheral auditory disorders in a group of workers exposed to organophosphate and pyrethroid insecticides, used in vector control campaigns. METHODS: The prevalence study examined a population of 98 individuals who sprayed insecticides in campaigns for the prevention of Dengue, Chagas disease and Yellow fever. The sampling approach was finalistic, and included the workers in a health district of Pernambuco, during the year 2000. A questionnaire was used to collect data on occupational and non-occupational risks, safety measures utilized, family history of auditory problems and health symptoms. Previous noise exposure history was also investigated, since noise can be a confounding factor for hearing loss. Hearing sensitivity and middle ear function were assessed by pure tone audiometry. RESULTS: Among those exposed to insecticides, 63.8% demonstrated a hearing loss. For the group of workers exposed to both noise and insecticides, hearing loss was observed in 66.7% of the cases. The median exposure time necessary to detect high-frequency losses was 3.4 years for workers exposed to both agents and 7.3 years for workers exposed to insecticides only. Hearing thresholds were poorest among workers exposed to both agents. Auditory damage for those with combined exposures to the two factors was more severe than the hearing losses observed among those exposed only to insecticides. CONCLUSIONS: There is evidence that exposure to insecticides was associated with peripheral sensorioneural hearing loss and that noise exposure can potentiate the ototoxic effects of insecticides. It is necessary to evaluate this possible association through epidemiological studies.