Resumo: Introdução: A implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais da graduação em Medicina de 2001 e 2014 provocou movimentos de mudanças na formação médica proporcionadas pela integração ensino-serviço na atenção primária à saúde (APS) desde os anos iniciais do curso e colocou em análise uma formação que se propõe ser generalista, crítica e reflexiva. Objetivo: Este estudo teve como objetivo identificar as contribuições que a interação ensino-serviço pode oferecer para a produção de um espaço de aprendizagem significativa, tendo como cenário uma unidade de saúde da família. Método: Trata-se de estudo de abordagem qualitativa com realização de rodas de conversas, nas quais participaram estudantes do primeiro, terceiro e quinto períodos do curso de Medicina, a fim de analisar as impressões deles do início, meio e término da disciplina. Foi utilizada a análise de conteúdo para a sistematização e avaliação dos dados obtidos. Resultado: Os ciclos pedagógicos foram considerados como oportunidades de aprendizagem, os portfólios reflexivos não atenderam aos objetivos de avaliação formativa, e a inserção nas práticas possibilitou conhecer as especificidades e a complementaridade das profissões, além da importância do trabalho em equipe. A visita domiciliar (VD) foi valorizada, no entanto carece de objetivos claros a fim de que cumpra seu papel de desenvolver a habilidade comunicacional, o acolhimento das demandas e a responsabilização do cuidado. Conclusão: A inserção precoce de estudantes da graduação em Medicina na atenção primária oportuniza experiências de aprendizagem significativa e potencializa o uso articulado e processual de ferramentas como a VD e o portfólio. Embora as políticas favoreçam a integração ensino-serviço-comunidade, provocar movimentos instituintes nos modelos hegemonicamente consolidados, colocando a APS na centralidade do processo, ainda é um grande desafio a ser enfrentado.
Abstract: Introduction: The implementation of the National Curriculum Guidelines for medicine in 2001 and 2014 brought about changes in undergraduate medical training provided by teaching-service integration in Primary Health Care (PHC) since the initial years of the course, and proposed a training that is generalist, critical and reflective. Objective: Identify the contributions that teaching-service interaction can offer for the production of a meaningful learning space, in the setting of a Family Health Unit. Method: A qualitative approach study with Conversation Wheels with students from the 1st, 3rd and 5th periods of the medical course in order to analyze their impressions at the start, midway through and at the end of the subject. Content Analysis was used to systematize and analyze the data obtained. Results: Pedagogical cycles were considered learning opportunities; the reflective portfolios did not meet the objectives of formative assessment and insertion into practice enabled an understanding of the specific and complementary characteristics of the professions in addition to the importance of teamwork. The value of the Home Visit was highlighted, however, a lack of clear objectives hinder its role of developing communication skills, accepting demands and making care responsible. Conclusions: The early insertion of undergraduate medical students into primary care settings provides meaningful learning experiences and enhances the articulated and procedural use of tools such as the HV and the portfolio. Although policies favor teaching-service-community integration, instigating inaugural movements within the hegemonically consolidated models, placing PHC at the center of the process, remains a major challenge.