JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A função primordial de desviar o sangue do coração e retorná-lo oxigenado à circulação sistêmica é conseguida às custas de importantes alterações na fisiologia cardiopulmonar. O objetivo deste relato é apresentar uma complicação anestésica que ocorreu durante a CEC e alertar para a necessidade da interação de toda a equipe anestésico-cirúrgica na prevenção de eventos adversos per-operatórios. RELATO DO CASO: Paciente feminina, parda, 56 anos, 95 kg, altura 1,65 m, estado físico ASA IV, portadora de insuficiência renal crônica em hemodiálise, foi admitida para realização de revascularização do miocárdio. A monitorização constou de eletrocardiograma (ECG), medida invasiva da pressão arterial, oximetria de pulso, capnografia, temperatura esofágica, pressão venosa central e análise dos gases anestésicos. A paciente recebeu como medicação pré-anestésica, midazolam (0,05 mg.kg-1), por via venosa. Iniciou-se indução venosa com fentanil (16 µg.kg-1), etomidato (0,3 mg.kg-1) e pancurônio (0,1 mg.kg-1). A manutenção foi feita com oxigênio, isoflurano (0,5 - 1 CAM) e infusão contínua de fentanil. A gasometria arterial colhida após a indução demonstrou: pH: 7,41; PaO2: 288 mmHg; PaCO2: 38 mmHg; HCO3: 24 mmol.L-1; BE: 0 mmol.L-1; SatO2: 100%. A segunda gasometria arterial, colhida logo após o início da CEC, chegou em 30 minutos e apresentou: pH 7,15; PaO2: 86 mmHg; PaCO2 224 mmHg; HCO3: 29 mmol.L-1; BE: -3 mmol.L-1; SatO2: 99%. Foi feita verificação completa e urgente dos equipamentos anestésicos e de perfusão. Foi constatada conexão do misturador de gases de perfusão (blender) à rede de O2 e a um cilindro de dióxido de carbono (CO2), quando deveria estar conectado ao cilindro de ar comprimido. CONCLUSÕES: Falhas mecânicas dos componentes do circuito de extracorpórea podem ocorrer no per-operatório e exigem correções rápidas. Os avanços tecnológicos nos equipamentos de anestesia, monitorização e normatizações de segurança atenuarão a possibilidade de que casos como esse se repitam, porém jamais substituirão a presença vigilante do anestesiologista.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Bypassing heart blood and returning it oxygenated to systemic circulation is achieved at the expenses of major cardiopulmonary physiologic changes. The aim of this report was to present an anesthetic complication during CPB and to warn for the need of interaction of the whole anesthetic-surgical team to prevent adverse perioperative events. CASE REPORT: A brown female patient, 56 years old, 95 kg, height 1.65 m, physical status ASA IV, with chronic renal failure under hemodialysis was admitted for myocardial revascularization. Monitoring consisted of ECG, invasive blood pressure, pulse oximetry, capnography, esophageal temperature, central venous pressure and anesthetic gases analysis. Patient was premedicated with intravenous midazolam (0.05 mg.kg-1). Anesthesia was induced with fentanyl (16 µg.kg-1), etomidate (0.3 mg.kg-1) and pancuronium (0.1 mg.kg-1), and was maintained with O2, isoflurane (0.5 - 1 MAC) and fentanyl continuous infusion. Blood gas analysis after induction has shown: pH: 7.41; PaO2: 288 mmHg; PaCO2: 38 mmHg; HCO3: 24 mmol.L-1; BE: 0 mmol.L-1; SatO2 100%. A second blood gases analysis, sampled soon after CPB, returned in 30 minutes, showing: pH 7.15; PaO2: 86 mmHg; PaCO2 224 mmHg; HCO3: 29 mmol.L-1; BE: -3 mmol.L-1; SatO2 99%. Thorough and urgent checking of anesthetic and perfusion equipment was performed and revealed that the gas blender was connected to the O2 line and to a CO2 cylinder, when it should be connected to the compressed air cylinder. CONCLUSIONS: Bypass circuit mechanical problems may occur in the intraoperative period, and demand prompt repairs. Technological advances in anesthesia equipment, monitoring and safety standards will lessen the possibility of cases such as this to be repeated, but will never replace anesthesiologists surveillance.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La función primordial de desviar el sangre del corazón y retornarlo oxigenado a la circulación sistémica es conseguida a expensas de importantes alteraciones en la fisiología cardiopulmonar. El objetivo de este relato es presentar una complicación anestésica que ocurrió durante la CEC y alertar para la necesidad de la interacción de todo el equipo anestésico-quirúrgico en la prevención de eventos adversos per-operatorios. RELATO DE CASO: Paciente femenina, parda, 56 años, 95 kg, altura 1,65 m, estado físico ASA IV, portadora de insuficiencia renal crónica en hemodiálisis, fue admitida para realización de revascularización del miocardio. La monitorización constó de eletrocardiograma (ECG), medida invasiva de la presión arterial, oximetria de pulso, capnografia, temperatura esofágica, presión venosa central y análisis de los gases anestésicos. La paciente recibió como medicación pré-anestésica, midazolam (0,05 mg.kg-1), por vía venosa. Se inició inducción venosa con fentanil (16 µg.kg-1), etomidato (0,3 mg.kg-1) y pancuronio (0,1 mg.kg-1). La manutención fue hecha con oxígeno, isoflurano (0,5 - 1 CAM) e infusión continua de fentanil. La gasometria arterial cogida después de la inducción demostró: pH: 7,41; PaO2: 288 mmHg; PaCO2: 38 mmHg; HCO3: 24 mmol.L-1; BE: 0 mmol.L-1; SatO2: 100%. La segunda gasometria arterial, cogida luego después del inicio de la CEC, llegó en 30 minutos y presentó: pH 7,15; PaO2: 86 mmHg; PaCO2 224 mmHg; HCO3: 29 mmol.L-1; BE: -3 mmol.L-1; SatO2: 99%. Fue hecha una verificación completa y urgente de los equipamientos anestésicos y de perfusión. Fue constatada conexión del mezclador de gases de perfusión (blender) a la red de O2 y a un cilindro de dióxido de carbono (CO2), cuando debería estar conectado al cilindro de aire comprimido. CONCLUSIONES: Fallas mecánicas de los componentes del circuito de extracorpórea pueden ocurrir en el per-operatorio y exigen correcciones rápidas. Los avanzos tecnológicos en los equipamientos de anestesia, monitorización y normatizaciones de seguridad atenuaron la posibilidad de que casos como ese se repitan, más jamás substituirán la presencia vigilante del anestesiólogo.