Este estudo visa investigar o consenso entre informantes no reconhecimento e denominação de espécies arbóreas de um ambiente com alta diversidade, a floresta atlântica brasileira (Sete Barras, SP), através de um procedimento metodológico baseado em estímulos padronizados. Foram selecionados sete especialistas locais conhecedores de espécies arbóreas usadas para madeira e artesanatos, que percorreram individualmente uma mesma área de 1,72 ha para identificar e nomear todas as árvores conhecidas com mais de 4 cm de DAP (diâmetro na altura do peito) através de nomes populares. Todas as árvores foram identificadas botanicamente e tiveram seus DAP e altura determinados. A saliência ecológica das espécies arbóreas, expressa em termos da abundância, da altura média e do DAP, foi testada com relação ao conhecimento de cada informante em nomear as espécies. As caminhadas guiadas resultaram em 708 eventos de identificação, com nomes populares que correspondem a 122 espécies botânicas, ou a 68% de todas as espécies arbóreas presentes. Tanto a reduzida abundância como a saliência ecológica de espécies raras podem explicar seu reconhecimento. As concordâncias mais elevadas em nomear uma árvore foram relacionadas somente à abundância da espécie e não ao seu tamanho (dado pelo diâmetro e pela altura). Em alguns casos, não há um único nome popular para uma espécie botânica, refletindo a variação intrínseca no conhecimento local, que deve ser considerada em estudos etnobotânicos, nas avaliações ecológicas baseadas no conhecimento local, assim como em programas de manejo e conservação participativos.
This study aims to investigate the consensus among informants in the naming of tree species from a high diversity environment, the Brazilian Atlantic Forest (Sete Barras, SP), through a methodological procedure based on standardized stimuli. Seven selected local experts on tree species used for timber and handicrafts were asked to walk individually across the same area of 1.72 ha and identify and name all the known trees of more than 4 cm DBH (diameter at breast height) using common names. All trees were botanically identified, and their DBH and height were measured. The ecologic salience of tree species, expressed in terms of abundance, average height and DBH, was tested in relation to the informants' knowledge and species naming. The guided walks resulted on 708 identification events, with common names corresponding to 122 botanical species, or 68% of all tree species present. Both the reduced abundance and ecological salience of rare species can explain their recognition. The highest concordances in naming a tree were related only to the species abundance and not to their size (given by diameter and height). In some cases, there is no single common name for a botanical species, reflecting the intrinsic variation in local knowledge, which must be considered in ethnobotanical studies, in ecological assessments based on local knowledge, as well as in community-based conservation and management programs.