OBJETIVO: Avaliar os resultados imediatos e tardios de 10 anos da substituição da valva aórtica por homoenxertos valvares aórticos implantados pela técnica de substituição total da raiz, e identificar eventuais fatores de risco correlacionados com a degeneração tecidual primária dos enxertos. MÉTODO: Entre maio/1995 e janeiro/2006, 282 pacientes com média de idade de 52,8±16,6 anos foram submetidos à substituição da valva aórtica com homoenxertos valvares. As etiologias prevalentes foram a valva aórtica bicúspide calcificada e a degeneração senil em 49% dos casos. Quarenta e sete pacientes eram reoperações e 26 tinham endocardite bacteriana aguda. Procedimentos associados foram realizados em 113 pacientes. O homoenxerto valvar foi implantado pela técnica de substituição total da raiz em todos os casos. O tempo de seguimento pós-operatório variou de 1 a 129 meses (média = 41±25 meses). RESULTADOS: A mortalidade imediata foi de 7%, sendo de apenas 2,6% nos casos de operação eletiva para a substituição isolada da valva aórtica. Dos 262 que receberam alta hospitalar, foi possível obter avaliação clínica e/ou ecocardiograma em 209 deles, sendo 51 (20%) perdidos durante o seguimento. Houve 17 óbitos tardios, entre o 2º e 81º meses de pós-operatório, o que resultou em curva atuarial de sobrevida global de 90% e 80,1% aos 5 e 10 anos de evolução, respectivamente. Foram observados apenas oito episódios tromboembólicos (quatro imediatos e quatro tardios), durante a evolução para uma incidência linearizada de 0,3%/100 pacientes/ano. Endocardite bacteriana ocorreu em três ocasiões (0,4%/100 pacientes/ano). Nove pacientes foram reoperados, dos quais apenas três por problemas no homoenxerto (uma degeneração tecidual e dois casos de endocardite), o que resultou numa probabilidade de 94% livres dessa complicação aos 10 anos de seguimento. A análise do ecocardiograma tardio demonstrou gradiente máximo variando entre 3 a 47 mmHg (média de 14,5 mmHg), sendo que apenas dois pacientes apresentavam gradiente superior a 40mmHg. Insuficiência valvar moderada foi encontrada em quatro pacientes. CONCLUSÕES: Os resultados imediatos e tardios com a substituição da valva aórtica por homoenxerto valvar criopreservado foram excelentes, com boa capacidade funcional e baixa morbi-mortalidade tardia. O único fator de risco para a degeneração tecidual primária foi a idade do paciente menor que 20 anos. Homoenxertos aórticos representam uma excelente opção para pacientes com idade acima de 40-50 anos, especialmente naqueles com contra-indicação ou que não desejem fazer o uso de anticoagulantes.
OBJECTIVE: To evaluate the imediate and late results of 10 years of aortic valve root replacement with aortic homografts and to identify possible risk factors related with homograft primary tissue failure. METHODS: Between May 1995 and January 2006, 282 patients with a mean age of 52.8±16.6 years were submitted to aortic valve root replacement with an aortic homografts. The most prevalent etiologies were calcified bicuspid aortic valves and senile degeneration, corresponding to 49% of the cases. Forty-seven patients were reoperations and acute bacterial endocarditis were present in 26. Associated procedures were necessary in 113 patients. The homograft was implanted as a root replacement in all. Follow-up time varied between 1 and 129 months (mean= 41±25 months). RESULTS: Early overall mortality was 7%, with only 2.6% for cases of aortic valve replacement in isolation. Of the 262 patients discharged from hospital, it was possible to obtain clinical and echocardiographic evaluations in 209. Fifty-one patients (20%) were lost in the follow-up. There were 17 late deaths between the 2nd and 81st postoperative months, which resulted in an actuarial survival rate of 90% and 80.1% at 5 and 10 years respectively. There were eight thromboembolic events (four early and four late), for a linearized incidence of 0.3% events/100 patients/year. Bacterial endocarditis occurred in three occasions (0.4%/100 patients/year). Nine patients were re-operated, of which only three were related to the homograft (one case of primary tissue failure and two of bacterial endocarditis), corresponding to a probability of 94% of the patients free from this complication at 10 years of follow-up. Late echocardiographic analysis demonstrated maximum gradients varying between 3 and 47 mmHg (mean= 14.5 mmHg), with only two patients having a maximum gradient greater than 40 mmHg. Moderate valvar insufficiency was present in four cases. CONCLUSIONS: The early and late results of aortic valve root replacement with aortic valve homografts were excellent, with a good functional recovery and low late morbimortality. The only risk factor for primary tissue failure was age below 20 years at the time of the operation. Aortic homografts are an excellent option for over 40-year-old patients, especially for those who have contraindications or do not warrant anticoagulation.