RESUMO O presente artigo argumenta que uma série inédita de crônicas de autoria de José Lins do Rego (1901-1957) contribui para compreender importantes aspectos da vida social e política do Rio de Janeiro, então capital da República, durante as décadas de 1940 e 1950. Os milhares de microtextos publicados pelo romancista nordestino no jornal O Globo, em coluna intitulada Conversa de lotação, nunca lançados em livro pelo escritor, revelam o cotidiano do Distrito Federal sob a ótica intersubjetiva de seus habitantes. A base para tanto são as interações diárias do cronista com os passageiros de um meio de transporte coletivo, característico da cidade em meados do século XX, em seu translado da Zona Sul para o Centro da cidade. A seleção de artigos aqui reproduzida procura ser uma amostra das questões debatidas nessa espécie de espaço público transitório, o veículo lotação, por intermédio de seus cidadãos-passageiros. Para efeito de recorte de uma produção bastante extensa, enfocamos dois ângulos principais: de um lado, o debate nacional em torno das eleições para a presidência da República, em outubro de 1950; de outro, os problemas de âmbito municipal, relativos ao crescimento urbano da cidade no princípio daquele decênio, a partir dos relatos capturados pela crônica de Lins do Rego, acerca dos engarrafamentos e de outros transtornos vivenciados pela população no dia a dia da cidade do Rio de Janeiro.
ABSTRACT This article argues that an unpublished series of crônicas (short writings) written by José Lins do Rego (1901-1957) can contribute to the understanding of important aspects of the social and political life of Rio de Janeiro during the 1940s and 1950s, then capital of the Republic. Thousands of short writings published by the northeastern novelist in the newspaper O Globo, in a column titled Conversa de lotação (Bus conversations), which were never published in a book by the author, reveal the daily life of the Federal District under the intersubjective view of its inhabitants. The basis for such are the writer’s daily interactions with the passengers of a collective means of transport, which were characteristic of the city in the mid-twentieth century, in his commute from the southern part of the city to downtown. The selection of articles reproduced here seeks to be a sample of the issues debated in this kind of transient public space, the bus, by its citizen-passengers. In order to set analytical marks on a rather extensive production, we focus on two main angles: on the one hand, the national debate surrounding the presidential elections in October 1950; on the other, the municipal problems related to the urban growth of the city in the beginning of that decade, based on the reports captured by the short writings of Lins do Rego about the traffic jams and other disorders experienced by the population in the daily life of the city of Rio de Janeiro.
RESUMEN El presente artículo argumenta que una serie inédita de crónicas de autoría de José Lins do Rego (1901-1957) contribuye para comprender importantes aspectos de la vida social y política de Río de Janeiro, entonces capital de la República, durante las décadas de 1940 y 1950. Los millares de pequeños textos publicados por el romancista nordestino en el periódico O Globo, en la columna titulada Conversa de lotação, nunca lanzados en libro por el escritor, revelan lo cotidiano del Distrito Federal sobre la óptica intersubjetiva de sus habitantes. La base para eso son las interpretaciones del cronista con los pasajeros de un medio de transporte colectivo, característico de la ciudad para mediados del siglo XX, en su traslado de la zona sur para el centro de la ciudad. La selección de artículos aquí reproducida busca ser una muestra de las cuestiones debatidas en esa especie de espacio público transitorio, el vehículo lotação, por intermedio de sus ciudadanos-pasajeros. Para efectos de recorte de una producción bastante extensa, nos enfocamos en dos ángulos principales: de un lado, el debate nacional en torno de las elecciones para la presidencia de la República, en octubre de 1950; de otro, los problemas de ámbito municipal, relativos al crecimiento urbano de la ciudad en el inicio de ese decenio, a partir de los relatos capturados por la crónica de Lins do Rego, acerca del tráfico y de otros trastornos vividos por la población en el día a día de la ciudad de Río de Janeiro.