No Brasil, são escassos os estudos sobre estratégias para a segurança do paciente no processo de uso de medicamentos após a alta hospitalar, o que dificulta o conhecimento sobre a atuação de hospitais brasileiros nessa área. Neste artigo, buscou-se compreender a dinâmica e os desafios do cuidado fornecido ao paciente pela equipe hospitalar, visando à segurança no processo de uso de medicamentos após a alta hospitalar. Realizou-se pesquisa exploratória por meio de entrevistas com médicos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes sociais do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. Foram pesquisadas as atividades de cuidado com a farmacoterapia durante e após a hospitalização, incluindo o acesso a medicamentos após alta, a existência de articulação do hospital com outros serviços de saúde, e barreiras para desenvolver essas atividades. A principal estratégia adotada é a orientação de alta, realizada de forma estruturada, principalmente para cuidadores de pacientes pediátricos. Em situações específicas, ocorre mobilização da equipe para viabilização do acesso a medicamentos prescritos na alta. Reconciliação medicamentosa está em fase de implantação, e visita domiciliar é realizada apenas para pacientes críticos com problemas de locomoção. As principais barreiras identificadas foram insuficiência de recursos humanos e falta de tecnologias de informação. Conclui-se que são desenvolvidas algumas estratégias, porém com limitações e sem articulação adequada com outros serviços de saúde para a continuidade do cuidado. Isto sugere a necessidade de concentração de esforços para transpor as barreiras identificadas, contribuindo para a segurança do paciente na interface entre hospital, atenção básica e domicílio.
Few Brazilian studies have focused on patient safety strategies for safe use of medications after discharge leading to limited knowledge of current safety practices developed in Brazilian hospitals. The present study aimed to understand the dynamics and challenges of care provided to patients by hospital providers focusing on safe use of medications after discharge. An exploratory study was conducted and data was collected through interviews with physicians, nurses, pharmacists and social workers at the Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, in São Paulo, southeastern Brazil. Care practices regarding medication use during and following hospital stay including access to medicines after discharge, follow-up plans for coordinated, ongoing care, and barriers were investigated. The main strategy for safe use of medications after hospital discharge is to provide structured counseling for patients and particularly for caregivers of pediatric patients. The care team works to ensure access to the medications prescribed at discharge in special situations. Medication reconciliation is being implemented and home visits are limited to patients in critical condition with mobility problems. The main barriers identified in the study were limited information technology and human resources. It was concluded that there are some patient safety strategies in place but they are limited in scope and do not ensure coordinated, ongoing care after discharge. These findings point to a need to strengthen efforts to overcome the barriers identified to improve patient safety at the interface of hospital, primary care and the home setting.