RESUMO Os hidrogramas unitários sintéticos (HUS) são ferramentas de grande utilidade para a estimativa de vazões máximas em bacias hidrográficas desprovidas de registros históricos de medições. Entretanto, esses métodos possuem muitas incertezas e nem sempre produzem resultados compatíveis com a realidade. Este estudo analisou comparativamente a incerteza da aplicação dos métodos de HUS de Snyder, SCS e Clark, largamente utilizados, em relação aos hidrogramas observados, nas bacias hidrográficas do rio Pequeno e do rio Espingarda, localizadas no estado do Paraná, consideradas pequenas do ponto de vista de área de drenagem. A simulação foi realizada por meio do software HEC-HMS 4.2.1 considerando uma combinação de parâmetros que produziram a maior a menor vazão de pico, denominadas respectivamente abordagens conservadora e arrojada. Constatou-se que os três métodos de HUS analisados, geralmente, superestimaram as vazões de pico para ambas as bacias hidrográficas em estudo. Adicionalmente, os resultados obtidos mostraram que os HUS são fundamentalmente modelos conservadores, de modo que uma abordagem arrojada na estimativa dos parâmetros de entrada conduz a resultados com menores erros nas vazões de pico simuladas. Mesmo simulando HUS com o excesso de chuva real como entrada, há uma superestimativa da vazão de pico. O HUS do SCS produziu as maiores vazões de pico e, consequentemente, os maiores erros, enquanto o HUS de Snyder produziu os menores erros. Para o rio Pequeno, a estimativa chegou a ser 60 vezes superior às medições. As características geológicas sugerem o processo Duniano de geração de escoamento superficial, que explica a magnitude dos erros.
ABSTRACT Synthetic unit hydrographs (SUH) are useful tools for the estimation of maximum flows in basins lacking historical records of measurements. However, these methods have many uncertainties and do not always produce results consistent with reality. This study comparatively analyzed the uncertainty of the application of the Snyder, SCS, and Clark HUS methods, widely used, in relation to the observed hydrographs, in the Pequeno River and the Espingarda River basins, located in the State of Paraná, considered small from the point of view of the drainage area. The simulation was performed using the HEC-HMS 4.2.1 software considering a combination of parameters that produced the higher and lower peak flow, respectively named as conservative and bold approaches. It was verified that the SUH methods, in general, overestimated the peak flows for both basins under study. In addition, the results obtained showed that SUH are fundamentally conservative models so that a bold approach in estimating the parameters input leads to results with smaller errors in simulated peak flows. Even running the SUH with the real excess rainfall as input there is an overestimation of the peak flow. SCS SUH produced the highest peak flows and consequently the largest errors while Snyder’s SUH produced the smallest errors. The magnitude of the overestimation of the peak flow for the Pequeno River was up to 60 folds. Its geology features suggest a Dunnian runoff generation process, which explains the larger errors.