A associação entre alcoolismo e paracoccidioidomicose foi avaliada pelo método de caso-controle, comparando-se o hábito de ingestão etílica de 70 doentes com o de outros 70 pacientes hospitalizados por razões diversas e pareados por sexo e idade. Os participantes foram interrogados de maneira padronizada sobre a quantidade, tipo e periodicidade da ingestão de bebidas alcoólicas, duração do consumo e também sobre manifestações de abuso e/ou dependência do álcool. Na forma crônica da micose foi observada proporção significativamente maior de doentes com ingestão média de álcool acima de 60 ml/dia (50,0% x 30,0%) e com preferência por aguardente de cana (89,4% x 68,3%) em relação ao grupo controle, além dos grandes bebedores (>100 ml/dia) mostrarem tendência de reativação da doença durante ou após seu tratamento. Na forma aguda/subaguda da paracoccidioidomicose verificou-se que 64,3% dos consumidores de bebidas alcoólicas já haviam tido um ou mais episódios de embriaguez etílica, versus 17,6% no grupo controle. Os dados sugerem que o alcoolismo seja fator predisponente da paracoccidioidomicose e talvez possa prejudicar sua cura, principalmente da forma crônica da infecção.
The relationship between alcoholism and paracoccidioidomycosis was evaluated by the casecontrol method. The alcohol consumption of 4 groups of patients was compared: 50 patients with chronic paracoccidioidomycosis, 20 patients with the acute or subacute form of this mycosis and their respective control groups of hospitalized patients, each case matched by sex and age. Between September 1986 and July 1988 the cases and their controls were interviewed by one and the same investigator using a questionnaire on drinking habits: quantity and type of beverage consumed, time of onset and frequency of use and whether they had manifested symptoms of inebriation or of alcohol dependence previously, As compared with control patients, the mean daily ingestion of alcohol in excess of 60 ml was more frequent in the chronic paracoccidioidomycosis group (50.0% x 30.0%). These patients also preferred to drink sugar cane brandy more frequently (89.4% x 68.3%). When the average daily consumption of ethyl alcohol exceeded 100 ml, most patients presented a recurrence of infection during or after antifungal therapy. In the acute-subacute paracoccidioidomycosis group, 64.3% of the patients reported inebriation on one or more occasions, versus 17.6% in the respective control group. The results suggest that alcoholism can be a predisposing factor to paracoccidioidomycosis and, probably, accounts for a worse prognosis for this infection.