Resumo Este estudo propôs caracterizar a farinha de casca de uva (FCU) e o efeito de sua inclusão em snack extrusado no que diz respeito aos parâmetros nutricionais, tecnológicos e sensoriais. Para a obtenção da farinha de casca de uva, foi utilizado bagaço de uva da cultivar Marselan (Vitis vinifera) proveniente do processo de vinificação. O bagaço in natura foi seco em estufa de circulação de ar a 55 °C por 24 horas. A separação das cascas e sementes foi realizada com auxílio de peneiras de 3 mm e 2 mm, sendo o resíduo posteriormente moído em micromoinho a 27.000 rpm (partículas < 1 mm) e armazenado a –18 °C. A farinha de casca de uva obtida foi submetida às análises de composição química (umidade, cinzas, proteína, lipídeos, fibra alimentar total e carboidratos, pH, compostos fenólicos e cor). A FCU foi incluída na formulação de snacks extrusados nas concentrações de 9% e 18%, em substituição à farinha de milho, representando 5% e 10% de fibra, respectivamente, os quais foram avaliados quanto à cor, textura e aceitação sensorial. Realizaram-se as determinações microbiológicas de coliformes a 45 °C e Salmonella nas formulações de snack extrusado. Fibra (58,01%), carboidratos (17,62%) e cinzas (12,46%) foram os principais constituintes da farinha de casca de uva, a qual teve pH de 3,51. Resveratrol (6,14 mg.g–1), luteolina (5,16 mg.g–1) e kaempferol (3,01 mg.g–1) foram os compostos fenólicos detectados em maior quantidade na FCU, indicando presença de antioxidantes na farinha. A formulação de snack contendo 9% (5% fibra) de FCU apresentou melhores resultados de aceitação com relação aos atributos cor, aroma e textura, comparada à formulação de snack padrão. Pelo enriquecimento nutricional (fibras e fitoquímicos) e por agregar valor ao resíduo agroindustrial descartado pelas vinícolas, a adição de FCU em snacks extrusados é viável e bastante interessante.
Summary This study aimed to characterize grape skin flour (GSF) and the effect of its inclusion in an extruded snack, with regard to the nutritional, technological and sensory parameters. Grape pomace from the cultivar Marselan (Vitis vinifera), obtained during the winemaking process, was used to obtain the grape skin flour. The in natura pomace was dried in a forced air oven at 55 °C for 24 hours. The skins were separated from the seeds using 2 mm and 3 mm sieves, and the skins subsequently ground in a micro mill at 27.000 rpm (particles < 1 mm) and stored at –18 °C. The grape skin flour obtained was submitted to a chemical analysis (moisture, ash, protein, lipids, total dietary fibre, carbohydrates, pH, phenolic compounds and colour). The GSF was included in the formulation of an extruded snack at levels of 9% and 18%, substituting the corn flour, representing 5% and 10% fibre, respectively. The snacks were evaluated for colour, texture and acceptance. A microbiological analysis for coliforms at 45 °C and Salmonella was carried out on the test formulations. Fibre (58.01%), ash (12.46%) and carbohydrates (17.62%) were the main constituents of the grape skin flour, which had a pH value of 3.51. The phenolic compounds resveratrol (6.14 mg.g–1), luteolin (5.16 mg.g–1) and kaempferol (3.01 mg.g–1) were detected in the largest amounts in the GSF, indicating the presence of antioxidants in the flour. The snack containing 9% (5% fibre) of GSF showed the best results for acceptance with respect to the attributes of colour, aroma and texture as compared to the standard snack. The addition of GSF to extruded snacks is feasible and of interest due to its nutritional enrichment (fibre and phytochemicals) and aggregation of value to a byproduct discarded by wineries.