Face às prováveis mudanças climáticas afetando as áreas agricultáveis do planeta, foi feita uma revisão bibliográfica sobre os efeitos do aumento da temperatura no metabolismo da planta de batata, enfatizando suas consequências no desenvolvimento vegetativo e na produtividade da cultura. Embora a ênfase maior desse artigo se prenda ao efeito do clima na redução de alimentos, alerta-se ainda para o risco de erosão genética pelo desaparecimento de espécies silvestres, de grande importância para programas de melhoramento genético. A partir dessas informações e de dados climáticos das regiões produtoras publicados em literatura nacional, foi realizada uma análise prospectiva da produção de batata no Brasil. Para tal, tomou-se como base o aumento da temperatura de até 5ºC até o final deste século e uma faixa ótima de produtividade da batata de 10ºC a 25ºC, conforme indicado em literatura especializada. Foram selecionados seis municípios representando as regiões geográficas onde se cultiva a batata: São Joaquim-SC; Guarapuava-PR; Cristalina-GO; Mucugê-BA; Vargem Grande do Sul-SP e Araxá-MG. Para municípios com prevalência de temperaturas mais baixas, como São Joaquim, o aumento de temperatura preconizado não deverá restringir a produção, porém serão necessárias adequações de épocas de plantio. Por outro lado, a situação é preocupante em regiões e épocas de cultivo sujeitas a temperaturas altas, como Mucugê e Cristalina, onde o cultivo deverá se restringir a poucos meses do ano, contrastando com o plantio contínuo, durante o ano todo, ora sendo realizado. O intuito deste artigo é alertar, e não alarmar, a cadeia produtiva de batata no sentido de se preparar para os ajustes fitotécnicos visando a preservar a bataticultura nacional face a um eventual aquecimento global. Considerações sobre o melhoramento genético para atenuar, pelo menos em parte, esta situação é discutida.

The future of the potato production in Brazil is discussed upon prediction of temperature rise due to global warming. A literature review was carried out on the effects of high temperatures on the potato plant metabolism, and their consequences upon vegetative development and yield. Although higher emphasis was devoted to the climate effect on food production, the risk of genetic erosion by disappearance of wild species is stressed, with consequences to the future of plant breeding. Based on this information and on climate data from the main growing regions published on Brazilian documents, we carried out a prospective analysis of the potato production in Brazil. For that, a temperature rise of up to 5ºC was considered to the end of the century, and the range of 10ºC to 25ºC as the optimum for potato growth, according to specialized literature. For the study, six counties, representative of the main growing regions, were selected: São Joaquim, Santa Catarina State; Guarapuava, Paraná State; Cristalina, Goiás State; Mucugê, Bahia State; Vargem Grande do Sul, São Paulo State and Araxá, Minas Gerais State. For cooler counties, such as São Joaquim, major drawbacks on potato production are not expected, even though adjustments in planting season should be required. However, cropping on those counties subject to high temperatures which today allow potato production all year round, like Mucugê, and Cristalina, is expected to be restricted to few months of the year. The aim of this article was to alert, not alarm, the Brazilian potato chain in order to promote the management changes to preserve the crop in case the expected temperature rise comes true. In addition, the role of plant breeding to counteract the negative effects of high temperature is discussed.

A composição de δ15N de peixes exploradores de fundo (iliófagos = Apareiodon affinis, Cyphocharax nagelii, Prochilodus lineatus, Steindachnerina brevipinna e S. insculpta; detritívoros = Loricariichthys platymetopon e Liposarcus anisitsi; e bentófagos = Satanoperca pappaterra e Hoplosternum littorale) e suas fontes alimentares foram investigadas na planície de inundação do alto rio Paraná durante a estação de chuvas em ambientes lóticos e lênticos. Duas hipóteses foram testadas: i) que a posição trófica e os valores isotópicos dos organismos investigados (peixes e fontes alimentares) variam espacialmente; e ii) que a posição trófica e a composição isotópica diferem entre os peixes iliófagos, detritívoros e bentófagos. Macrofitas C4, perifíton e fitoplâncton foram isotopicamente diferentes entre os locais analisados. Diferenças isotópicas ocorreram entre as espécies de cada categoria trófica. Diferenças espaciais foram observadas na composição isotópica de P. lineatus e L. platymetopon, as quais tiveram valores mais enriquecidos no rio Paraná e ressaco do Pau Véio. Diferenças espaciais significativas nas posições tróficas foram verificadas para L. platymetopon e H. littorale, as quais apresentaram os maiores valores nos rios Paraná e Baía, respectivamente. As posições tróficas foram significativamente diferentes entre as espécies que compuseram cada categoria trófica. Estes resultados demonstram que em estudos de fluxo de energia em cadeias alimentares detritais generalizações a respeito do agrupamento de peixes em categorias tróficas e/ ou habitats devem ser conduzidos somente após investigações criteriosas da dinâmica trófica local/ específica dos organismos.

The δ15N composition of bottom-feeding fish (iliophagous = Apareiodon affinis, Cyphocharax nagelii, Prochilodus lineatus, Steindachnerina brevipinna and S. insculpta; detritivorous = Loricariichthys platymetopon and Liposarcus anisitsi; benthophagous = Satanoperca pappaterra and Hoplosternum littorale) and their primary food sources were investigated in the upper Paraná River floodplain during rainy seasons in different environments (lotic and lentic). Two hypotheses were tested: i) that the trophic position and isotopic values of the investigated organisms (fish and food resources) vary spatially; and ii) that trophic position and isotopic compositions differ among iliophagous, detritivorous and benthophagous fish. C4 macrophytes, periphyton and phytoplankton were isotopically different in sites analyzed. Significant isotopic differences occurred in the species of each trophic category. Spatial differences were observed in the isotopic composition of P. lineatus and L. platymetopon, whose values were more enriched in the Paraná River and Pau Véio Lake. Significant spatial differences in trophic position were observed for L. platymetopon and H. littorale, which presented the highest values in the Paraná and Baía rivers, respectively. Trophic positions were significantly different among the species that composed each trophic category. These findings demonstrate that in energy-flow studies in detrital food chains generalizations concerning the grouping of fish into trophic categories and/or habitats should only be carried out after careful investigations of the local/specific trophic dynamics of the organisms.