Este texto reconstrói três histórias de filmagens realizadas na primavera-verão de 1944, na Paris insurgente e nos campos de trânsito de Terezín, na Tchecoslováquia, e de Westerbork, na Holanda. A volta ao ponto de origem das imagens permite entrever o universo mental daqueles que as filmaram e interrogar suas escolhas. Ela revela seu imaginário a respeito do evento, sua vontade de conformá-lo à ideia que fazem dele, às vezes suas dificuldades de entender o que se passa. Esses planos recolhem também o impensado de uma época, a parte incompreensível da história para os contemporâneos. Eles conservam o que escapou ao olhar do cameraman na gravação mecânica de uma fatia do real. Os planos analisados abrem assim o caminho, até mesmo em sua fragilidade e em suas lacunas, para uma história do sensível próxima daqueles que fizeram o evento ou foram suas vítimas. Eles incitam questões tais como o lugar da arte no coração da barbárie, as ambivalências do "colaboracionismo artístico", a capacidade do cinema de se tornar um instrumento de liberação ou de resistência.
This text is about three film shots in the spring and summer of 1944, in an insurgent Paris and in the transit camps of Terezín in Czechoslovakia and Westerbork in The Netherlands. Going back to the origin of the images allows us to understand the minds of those who filmed them and to inquire their choices. It reveals their mental image of an event, their desire to make the event conform to their idea of it, and the difficulties they occasionally have in grasping what is going on. These shots also contain the part of history that is unintelligible to contemporaries. They preserve what the operator failed to see while mechanically recording a portion of reality. Thus the analyzed shots, fragile and deficient as they are, pave the way for a history as close as possible to those who made the event or were its victims. They open up questions such as the part art plays at the heart of barbarism, the ambivalence of so-called artistic collaboration, and the ability of cinema to become an instrument of liberation or resistance.
Ce texte retrace trois histoires de tournages effectués au printemps-été 1944 dans Paris insurgé, et dans les camps de transit de Terezin en Tchécoslovaquie et de Westerbork aux Pays-Bas. La remontée vers le point d'origine de la prise de vue permet d'entrevoir l'univers mental de ceux qui filmèrent, d'interroger leurs gestes et leurs choix. Elle dévoile leur imaginaire de l'événement, leur volonté de le conformer à l'idée qu'ils s'en font, leurs difficultés parfois à en saisir le déroulé. Ces plans recueillent aussi l'impensé d'une époque, la part inintelligible de l'histoire pour les contemporains. Ils conservent ce qui échappa au regard de l'opérateur dans l'enregistrement mécanique d'une portion de réel. Les plans analysés ouvrent ainsi la voie, jusque dans leur fragilité et leurs manques, à une histoire du sensible inscrite au plus près des corps de ceux qui firent l'événement ou qui en furent victimes. Ils engagent des questions telles que la place de l'art au cÅ“ur de la barbarie, les ambivalences de la «collaboration artistique», la capacité du cinéma à devenir un instrument de libération ou de résistance.