INTRODUÇÃO: Em populações não selecionadas, obstruções em vasos de fino calibre são mais susceptíveis à reestenose após intervenção coronária percutânea (ICP). Por isso, entre as características angiográficas preditoras do fenômeno, o diâmetro luminal de referência (D.L.R.) é particularmente relevante. Tais resultados são corroborados por ultra-sonografia intracoronária (USIC), evidenciando a influência das dimensões vasculares sobre a resposta clínica no processo da reestenose, independente da presença de outros preditores, nessas populações não selecionadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar os preditores angiográficos e ultra-sonográficos intracoronários de reestenose, em pacientes em que o alto risco de reestenose foi especialmente caracterizado por busca ativa de diabete melito (DM) e de disglicidemia. MÉTODO: Setenta pacientes portadores de 77 lesões obstrutivas ateroscleróticas coronarianas foram submetidos a ICP com stent, com sucesso. Realizou-se controle angiográfico e com USIC do resultado do implante, imediatamente após o término do procedimento e 6 meses após. Procedeu-se à busca ativa de alterações do metabolismo da glicose mediante a realização de GTTo, em todos os casos sem diagnóstico prévio de DM. RESULTADOS: Foram identificados 23 (32,86%) indivíduos com DM e 16 (22,85%) com intolerância à glicose. Pela análise bivariada, os parâmetros considerados preditores de reestenose angiográfica pelo critério binário foram: D.L.R. > 2,82 mensurado na condição controle 6 meses após ICP - RR=0,60 (0,15-0,81) IC 95% (p=0,014), volume de stent < 119,8 mm³ ao USIC - RR=0,74 (0,38- 0,89) IC 95% (p=0,0005) e área de stent < 8,91 mm² ao USIC - RR=0,66 (0,24-0,85) IC 95% (p=0,006). A análise multivariada evidenciou que o único parâmetro preditor de reestenose foi volume de stent < 119,8 mm³ (p=0,01). CONCLUSÃO: Com base nestes resultados, conclui-se que, em população de pacientes com alto risco para desenvolvimento de reestenose, o calibre do vaso esteve relacionado de forma inversa à taxa de reestenose, sendo o volume de stent pelo USIC < 119,8 mm³ considerado preditor independente de reestenose.
BACKGROUND: In non-selected populations, coronary obstructions of small vessels are more likely to suffer restenosis after percutaneous interventions. Thus, the reference luminal diameter (RLD) is a particularly important angiographic parameter, which is inversely related to the restenosis rate. Additionally in non-selected patients, ultrasound (IVUS) studies have shown similar results regarding the influence of vascular dimensions as independent predictors of clinical restenosis. The aim of this study was to evaluate the angiographic and IVUS parameters as predictors of restenosis in patients submitted to PCI with stents in whom a high risk for restenosis was characterized in a prospective search for diabetes mellitus and dysglycemia METHODS: Seventy patients with 77 coronary artery obstructions were submitted to successful PCI with stents. Quantitative analysis of coronary angiograms and intracoronary ultrasonographic images were obtained immediately after and six months after the index procedure. An oral GTT test was performed in all patients without prior diagnosis of diabetes mellitus. RESULTS: Twenty-three diabetics (32.86%) and 16 patients with glucose intolerance (22.85%) were identified. The angiographic and IVUS parameters considered predictors of restenosis through bivariate analysis were: RLD > 2.82 mm six months after the procedure - RR=0.60 (0.15 - 0.81) 95% CI (p=0.014), Stent Volume < 119.8 mm³RR=0.74 (0.38 - 0.89) 95% CI (p=0.0005) and Stent Area < 8.91 mm² - RR=0.66 (0.24 - 0.85) 95% CI (p=0.006). By logistic regression multivariate analysis, stent volume mm³ < 119.8 was considered the only independent predictor of coronary restenosis (p=0.01). CONCLUSIONS: In this population with high risk for coronary restenosis, vessel dimensions were inversely related to its occurrence. A stent volume < 119.8mm³ measured by IVUS was the only independent predictor of restenosis after PCI.