Este estudo apresenta uma primeira estimativa de emissões de Pb e Hg para a Região Sudeste do Brasil, a região mais industrializada da América do Sul, durante o século XX, baseada na análise de perfis de sedimentos datados, coletados em lago ombrotrófico da Serra do Itatiaia, na região do vale do Rio Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro. As concentrações médias de Pb ao longo dos perfis variaram de 40 a 180 µg g-1, enquanto que para Hg as concentrações variaram de 30 a 420 ng g-1. As concentrações de Hg se correlacionaram significativamente com as de Pb até os anos 80. A taxa de acumulação de Pb no período pré-industrial foi de cerca de 8,0 ± 2,0 mg m-2 ano-1, com um máximo observado na superfície dos perfis variando de 40 a 80 mg m-2 ano-1. Por outro lado, a taxa de acumulação de Hg foi de 36 ± 4 µg m-2 ano-1, entre 1910 e 1940, apresentando um máximo nos anos 60 de cerca de 120 µg m-2 ano-1, e decrescendo novamente após os anos 70 para 20 µg m-2 ano-1. O padrão de distribuição temporal da acumulação de Hg é similar aqueles relatados para diferentes regiões do hemisfério norte. Entretanto, as taxas de acumulação pré-industrial de Pb e Hg são de 3 a 6 vezes maiores que os valores relatados para o período pré-industrial no hemisfério norte. Emissões originadas na industrialização mais antiga no hemisfério norte podem ter influenciado a magnitude da acumulação pré-industrial na região em estudo, que se iniciou pelo menos 100 anos depois. No caso do Hg, a mineração de ouro e prata nos três séculos anteriores, pode também ter influenciado as taxas de acumulação pré-industrial estimadas neste estudo.
This study presents the first estimate of Pb and Hg loads to southeastern Brazil, the most industrialized region of South America, during the 20th century. This estimate was based on the analysis of dated ombrotrophic lake sediment cores, from the Itatiaia Mountains, at the Paraíba do Sul River valley region, in the Rio de Janeiro State. Average Pb concentrations along the cores ranged from 40 to 180 µg g-1, whereas for Hg, concentrations ranged from 30 to 420 ng g-1. Mercury concentrations correlated significantly with Pb concentrations up to the middle of the 1980's. Average regional pre-industrial (prior to 1940) Pb accumulation rate was 8.0 ± 2.0 mg m-2 yr-1, with maximum at the surface of the cores ranging from 40 to 80 mg m-2 yr-1. The average Hg deposition rate was 36 µg m-2 yr-1, between 1910 and 1940. A maximum of 120 µg m-2 yr-1 was observed in the 1960's, with a further decrease after the late 1970's. The temporal Hg distribution pattern is similar to those reported in different regions of the northern hemisphere. However, regional pre-industrial Pb and Hg accumulation were from 3 to 6 times higher than those reported for the northern hemisphere. Emissions from the earlier industrialization of the northern hemisphere may have influenced the magnitude of regional pre-industrial Pb and Hg deposition in South America, where the industrialization started about 100 years latter. In the case of Hg, gold and silver mining during the previous three centuries, may have also affected regional pre-industrial values.