A expressão "Manejo Integrado de Pragas" (MIP ou Integrated Pest Management - IPM - em inglês) está completando 28 anos desde que apareceu impressa pela primeira vez. Desde então manejo integrado ou controle integrado de pragas tornou-se o paradigma preferencial para as atividades que visam a atenuar o impacto de pragas - doenças de plantas, ervas daninhas e animais vertebrados ou invertebrados - na produção agrícola, na saúde humana e veterinária, e nas estruturas urbanas e rurais. Apesar da aceitação quase universal do conceito de manejo integrado, sua aplicação prática é ainda restrita variando grandemente de acordo com a região geopolítica, a natureza do cultivo agrícola e, principalmente, com o empenho e apoio governamentais a programas que visam a estimular a adoção do manejo integrado. Uma avaliação objetiva do sucesso da incorporação de programas de MIP nas práticas agrícolas é difícil devido a: a) falta de critérios rigorosos que distinguem um programa de MIP de quaisquer outras atividades tradicionais de controle de pragas, b) falta de um consenso universal sobre uma definição de MIP, e c) carência de levantamentos quantitativos de áreas de cultivo sob programas de MIP. Em alguns círculos, a medida do sucesso do MIP tem sido a porcentagem de redução no uso de pesticidas. No entanto, essa medida, na ausência de outros critérios, é inadequada pois, em algumas partes do mundo a introdução do MIP pode acarretar o aumento, não a diminuição no uso de pesticidas. Após procurar avaliar a expansão de programas de MIP no mundo, é essencial que se chegue a um consenso sobre critérios para medir a natureza do programa. De forma geral esses critérios dependem do nível de integração do programa, da natureza das pragas, do valor do cultivo, da disponibilidade de tecnologias alternativas e dos riscos econômicos, ambientais e sociais. Em vista da atual carência de dados e falta de critérios objetivos de avaliação, nós optamos por usar o titulo, não como uma afirmação, mas como uma asserção a ser questionada: é o Manejo Integrado de Pragas uma realidade mundial?
The expression "Integrated Pest Management" (IPM or MIP in Portuguese) is completing 28 years since it first appeared in press. Since then integrated pest management or integrated pest control has become the paradigm of choice for activities that aim at attenuating the impact of all pests - plant diseases, weeds, and invertebrate or vertebrate animals - in agricultural production, in human and animal health, and in urban or rural structures. Despite the nearly universal acceptance of the concept, its practical application still is rather restricted, varying considerably among geopolitical regions, the nature of the crop, and, mainly, with the commitment and support of responsible governmental entities for programs dedicated to promote adoption of IPM. An objective assessment of the successful incorporation of IPM in agricultural practices is difficult because: a) lack of rigorous criteria to distinguish an IPM program from other traditional pest control activities, b) absence of a broadly based consensus on a definition of IPM, and c) paucity of reliable quantitative surveys of the agricultural area under IPM. Some have used the percentage of pesticide use reduction as a measure of the success of IPM. This measure, however, in the absence of other criteria, may not be appropriate for in some parts of the world introduction of IPM may lead to an increase in pesticide use, not a reduction. In our search to assess the expansion of IPM programs in the world, we concluded that it is essential to first achieve a consensus on the criteria to measure the nature of the program. In general these criteria depend on the level of IPM integration, the nature of the pests, the value of the crop, the availability of alternative control technologies, and the associated economic, environmental, and social risks. In view of the small volume of available data and in the absence of objective measurements of performance criteria, we opted to use as title for this paper an assertion to be questioned: is indeed IPM a global reality?